Santos Silva visita Venezuela para verificar situação da comunidade portuguesa

Ministro dos Negócios Estrangeiros irá discutir interesses de empresas nacionais.

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Miguel Manso

O ministro dos Negócios Estrangeiros português visita a Venezuela a partir de sábado para conhecer a situação da comunidade portuguesa e debater com as autoridades questões bilaterais, como interesses de empresas nacionais e o diálogo político em curso.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros português visita a Venezuela a partir de sábado para conhecer a situação da comunidade portuguesa e debater com as autoridades questões bilaterais, como interesses de empresas nacionais e o diálogo político em curso.

Em declarações à Lusa, Augusto Santos Silva adiantou que a visita tem como “objectivo número um” o contacto com os portugueses e lusodescendentes residentes na Venezuela – estimados em 500 mil –, mas o ministro também vai liderar a delegação portuguesa à reunião da comissão mista entre Portugal e a Venezuela, marcada para segunda-feira.

No encontro com os emigrantes, no Centro Cultural em Caracas, no domingo, Santos Silva pretende “manifestar o apoio do Governo português à comunidade portuguesa” e inteirar-se dos seus “problemas mais prementes”, bem como falar com os seus representantes, conselheiros das comunidades e dirigentes associativos. Outro objectivo da visita de três dias é “identificar e considerar as questões que hoje afligem ou interessam os micro, pequenos e médios empresários da diáspora portuguesa na Venezuela”.

Santos Silva recordou que a larga maioria dos empresários portugueses ou lusodescendentes naquele país tem pequenos comércios e indústrias, e, como tal, trabalha “de porta aberta”, estando, por isso, mais sujeitos a situações de “insegurança ou violência urbana”.

“O principal problema, do ponto de vista português, que se passa hoje na Venezuela, diz respeito à situação e às perspectivas da comunidade portuguesa e lusodescendente residente na Venezuela, quer do ponto de vista das condições de segurança dessa comunidade, quer das condições de vida e de acesso a bens básicos”, sublinhou o ministro.

Para segunda-feira está marcada a comissão mista bilateral, na qual os dois países devem procurar “tentar encontrar as melhores soluções” para as “questões identificadas pelas empresas portuguesas que têm relações contratuais com a Venezuela e pelas entidades venezuelanas que têm relações contratuais com empresas portuguesas”.

A esta reunião Portugal deverá levar a situação de uma empresa portuguesa que fornece pernil de porco à Venezuela, depois de críticas, na semana passada, do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

“Temos a indicação, por parte da empresa portuguesa fornecedora de pernil de porco à Venezuela, de que gostariam que fosse tratado na comissão mista o problema que enfrentam, de prazos de pagamento e de fornecimento”, referiu Santos Silva. A empresa agro-alimentar Raporal informou que a Venezuela deve cerca de 40 milhões de euros às empresas portuguesas fornecedoras de pernil de porco, dos quais 6,9 milhões lhe são devidos.

Nicolás Maduro acusou Portugal de sabotar a importação de pernil de porco – prato típico das festividades natalícias naquele país –, depois de Caracas ter feito um plano de importação e acertado os pagamentos. O Governo português rejeitou as acusações, recordando que Portugal é uma economia de mercado em que o executivo não interfere nas relações entre empresas.

Durante a deslocação, Santos Silva vai também falar “com diferentes responsáveis políticos e sociais da Venezuela, no sentido preciso em que a União Europeia tem incentivado todos os processos de diálogo em curso” entre Governo e oposição, com o objectivo de “chegar a um compromisso político que permita normalizar a situação política”.

Assim, o ministro vai encontrar-se com o presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, Julio Borges (oposição); com o seu homólogo, Jorge Arreaza, com a embaixadora da União Europeia na Venezuela, a portuguesa Isabel Pedrosa, e com o arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Savino. “Evidentemente que Portugal não é parte no processo político venezuelano, mas na medida em que a nossa comunidade é muito numerosa na Venezuela e na medida em que temos relações bilaterais com a Venezuela, a estabilidade na Venezuela é também muito importante para nós”, salientou Santos Silva.

Está prevista para a próxima semana a segunda ronda de negociações entre Governo e oposição venezuelana, a decorrer na República Dominicana.