Eucalyptus belenensis, o eucalipto de Belém
A grande novidade com o aparecimento desta nova espécie é que deu origem a uma reviravolta no ambiente lisboeta e nacional.
O eucalipto é uma espécie de árvore cuja característica é procurar alimento onde quer que se encontre, num largo raio em seu redor. O seu objetivo é procurar as alturas. Tem de se erguer acima das outras árvores custe o que custar na Austrália, na Califórnia ou em Castanheira de Pera.
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O eucalipto é uma espécie de árvore cuja característica é procurar alimento onde quer que se encontre, num largo raio em seu redor. O seu objetivo é procurar as alturas. Tem de se erguer acima das outras árvores custe o que custar na Austrália, na Califórnia ou em Castanheira de Pera.
Apareceu há cerca de dois anos uma nova espécie de eucalipto, o eucalyptus belenensis, que rivaliza com as outras seiscentas espécies, sendo a predominante o eucalyptus globulus. Apesar da chegada tardia desta nova espécie, o certo é que refinou as características de todas as outras; numa visão darwiniana dir-se-á que concentrou em si todas as capacidades de se impor seja qual for o tipo de solo.
Em Belém, constava que os solos do palácio eram dados a outro tipo de árvores mais circunspectas e territorialmente circunscritas ao próprio palácio e arredores. A grande novidade com o aparecimento do eucalyptus belenensis é que deu origem a uma reviravolta no ambiente lisboeta e nacional.
O eucalipto de novo tipo está a secar toda a floresta que cobria o país de Norte a Sul. Na verdade, a enfermidade (segundo os serviços florestais) é a infiltração na paisagem política de tal modo que há previsões de asfixia do ambiente político, embora de modo gradual. Isto porque o eucalipto de Belém atrai para si todas as antenas responsáveis por captar a seiva de que se alimentam as diversas árvores que compõem a paisagem política portuguesa.
As mutações genéticas na nova árvore têm efeitos prodigiosos comparáveis às dos humanos; é o caso da espantosa capacidade de aparecer em todo o lado através dos seus múltiplos ramos fluorescentes.
Em contraste com o eucalyptus globulus, que se deixa queimar num instante, o de Belém afirma-se como árvore de presença permanente nos rescaldos dos grandes incêndios e largando grandes sentenças justiceiras acerca do comportamento de outras entidades paisagísticas e traçando o caminho a seguir, inclusive com datas.
O eucalyptus belenensis invade pela sua própria natureza os mais diversos domínios da comunidade a qualquer hora, em qualquer circunstância, sempre com juízos profundos seja sobre qualquer tipo de catástrofe. As catástrofes permitem ao eucalipto secar as lágrimas das vítimas. Está ainda dentro das suas possibilidades apresentar-se em festas de Natal e em jantares de grupos recreativos e culturais, como foi o caso recente do grupo “A Mula Russa”.
Atente-se na sua mobilidade e versatilidade tomando em conta a agenda de um dia pacato: 8h: Ida a um funeral; 9h: Passagem na sede do agrupamento de escuteiros acampados na serra de Sintra; 10h: Inauguração da sede do Clube Columbófilo de Alcântara com largada de pombos-correio a caminho da Síria para juntarem mensagens anti-Assad; 11h: Receção à administração da Autoeuropa; 12h: Visita à comunidade de patolas setentrionais acabados de chegar a Alcochete; 13h: Comentário a propósito da declaração do primeiro-ministro sobre a recuperação de Salvador Sobral; 14h: Passagem numa casa de sandes rápidas sem necessidade de mastigar muito; 14h20: Reunião com o gabinete; 15h: Ida ao Estádio da Luz para ver o jogo; 17h: Deslocação à Cova da Moura para apreciar uma nova cachupa; 18h: Saída rápida para o Guincho para um mergulho; 19h30: Reunião com o adido das questões agrícolas e piscícolas para tratar da queda da quota de captura de ligueirão; 20h30h: Reunião com Santana Lopes; 21h: Reunião com Rui Rio; 21h15: Reunião com Assunção Cristas; 22h: Encontro com António Costa; 23h: Visualização dos telejornais; 24h: Agenda livre por falta de interlocutores e tempo para comentar no dia seguinte as possibilidades de Portugal fornecer pernis de porco à Venezuela. Fim do dia.
O eucalipto de Belém é tão fluorescente que atrai multidões de jornalistas e similar à da luz em relação aos insectos. Trump irá em breve tuitar que o eucalyptus belenensis é uma prova que não há alterações climáticas, pois a seca se deve a este tipo de árvores.
Por enquanto não se sabe o prazo de vida deste tipo de eucalipto; há quem tema uma longevidade acima da média e, por consequência, se reduza a paisagem política da floresta. O IPMA tem as suas coordenadas viradas para ciclones, anti ciclones e superfícies frontais, sem capacidade para avaliar danos, e daí não haver avisos de perigo seja ele de que cor for.
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico