Oito temas para o primeiro duelo
Candidatos à liderança do PSD têm na manga algumas armas que podem usar já neste primeiro frente-a-frente.
Depois de semanas de campanha morna, o primeiro duelo televisivo entre Santana Lopes e Rui Rio - esta quinta-feira, na RTP - pode ser o momento em que o debate aquece. A questão do bloco central, que divide os candidatos à liderança do PSD, parece incontornável. Mas, de um lado e do outro, os candidatos têm na manga algumas armas de arremesso que podem usar neste primeiro frente-a-frente.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Depois de semanas de campanha morna, o primeiro duelo televisivo entre Santana Lopes e Rui Rio - esta quinta-feira, na RTP - pode ser o momento em que o debate aquece. A questão do bloco central, que divide os candidatos à liderança do PSD, parece incontornável. Mas, de um lado e do outro, os candidatos têm na manga algumas armas de arremesso que podem usar neste primeiro frente-a-frente.
Bloco central
É o principal ponto de divergência que Santana Lopes quer vincar em relação ao seu adversário. Como a moção de Rui Rio diz muito pouco sobre uma eventual aliança de Governo com o PS – falando apenas na necessidade de compromissos sobre alguns dossiers –, Santana Lopes quis deixar clara a sua posição: o PS não conta com o PSD até ao fim da legislatura nem este fará coligações de Governo depois das eleições.
Votar PS?
Santana Lopes não deverá esquecer as declarações recentes de Nuno Morais Sarmento, mandatário nacional de Rui Rio, que assumiu votar em António Costa, se o PSD não mudar nada. Os santanistas não perdoaram, sobretudo, porque Rui Rio não se demarcou dessas declarações feitas pelo ex-ministro de Durão Barroso ao semanário Sol.
Apoio a Rui Moreira
O ex-primeiro-ministro começou por recordar, logo quando se assumiu como candidato, que não criticou o partido nos momentos difíceis do PSD dos últimos anos. Ao mesmo tempo, Santana fez questão de lembrar que não apoiou candidatos adversários do PSD nas autárquicas de 2013. É uma farpa para Rui Rio que, nas penúltimas autárquicas, se colocou ao lado do independente Rui Moreira e contra Luís Filipe Menezes, o candidato social-democrata à Câmara Municipal do Porto. A crítica foi repetida nas últimas semanas e pode voltar a lume no debate.
“Trapalhadas”
De Rui Rio também se pode esperar que volte a falar em “trapalhadas” de Santana Lopes, uma palavra que usou recentemente para qualificar o comportamento do adversário em torno da organização dos debates televisivos. Foi no momento em que Santana Lopes aceitou um debate na TVI (depois de já acordado o da RTP), mas não queria deixar de fora a SIC. O terceiro debate acordado acabou por ser proposto pela Antena 1/TSF.
Financiamento dos partidos
A propósito da isenção total de IVA para os partidos políticos, Santana e Rio poderão entrar em choque sobre o financiamento partidário. O ex-primeiro-ministro abriu a porta ao financiamento privado dos partidos, uma posição que pode ser polémica, mas ainda não detalhou a sua opinião sobre as alterações recentes à lei, sobretudo, a isenção total de IVA. Rio já condenou essas mudanças na lei, considerando que são “graves e chocantes”, sobretudo, por terem sido feitas “às escondidas”.
Défice zero
Em meados de Outubro passado, já como candidato, Rui Rio defendeu que, “se o PSD estivesse à frente do Governo”, já teria conseguido “um défice zero e com os mesmos ganhos que as pessoas tiveram”. Santana Lopes registou a ideia e tem sublinhado mais o lado social do seu programa. Contas públicas equilibradas sim, mas sem exageros. “Não quero um país obcecado com o 'défice zero'”, escreveu na moção de estratégia global. Apesar de manter a despesa pública como um dos problemas das contas do Estado, Santana Lopes deixou cair na sua moção a intenção colocar a despesa pública dentro do limite de 50% do PIB como constava da sua proposta de programa.
Santana como primeiro-ministro
A prestação de Santana Lopes como primeiro-ministro (2004-2005) de um Governo que acabou por cair às mãos do então Presidente da República Jorge Sampaio é uma questão sensível para o próprio candidato. O antigo chefe de Governo começou por dizer, na apresentação da sua candidatura, que assume “tudo” o que fez na vida. Mas os apoiantes de Rui Rio apontam-lhe a derrota eleitoral de 2005 contra José Sócrates como uma das suas fragilidades. Se o debate aquecer, o tema pode voltar à ribalta.
Santa Casa no Montepio
A entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio foi tema nas últimas semanas depois de o Governo ser acusado de fazer pressão nesse sentido junto do ex-provedor Santana Lopes. Rui Rio pode apontar o dedo à aceitação da operação por parte do adversário e também relembrar que o antigo provedor da SCML ponderou entrar no capital do Novo Banco. Em sua defesa, Santana Lopes pode argumentar que pediu uma auditoria ao Montepio como condição para a realização da operação.