Abate de 22 árvores em escola de Samora Correia revolta população
Agrupamento justifica medida com danos nas canalizações e promete plantar oliveiras
Os 22 plátanos que preenchiam há décadas os espaços de recreio da Escola Básica dos 2º e 3º ciclos Professor João Fernandes Pratas (EB23JFP) de Samora Correia foram abatidos na semana passada. A iniciativa surpreendeu a população, que não vê motivos para tamanho “atentado” numa zona da cidade ribatejana que até não tem muitas árvores. O Agrupamento de Escolas de Samora Correia justifica a medida com alegados estragos provocados pelas árvores no piso do recreio e nas canalizações da escola, sobretudo na rede de esgotos. Os responsáveis do agrupamento asseguram que vão ser plantadas oliveiras de jardim nos locais onde foram abatidos os plátanos, porque são árvores de menor porte, que não deverão causar o mesmo tipo de problemas e consideradas mais de acordo com a região.
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Os 22 plátanos que preenchiam há décadas os espaços de recreio da Escola Básica dos 2º e 3º ciclos Professor João Fernandes Pratas (EB23JFP) de Samora Correia foram abatidos na semana passada. A iniciativa surpreendeu a população, que não vê motivos para tamanho “atentado” numa zona da cidade ribatejana que até não tem muitas árvores. O Agrupamento de Escolas de Samora Correia justifica a medida com alegados estragos provocados pelas árvores no piso do recreio e nas canalizações da escola, sobretudo na rede de esgotos. Os responsáveis do agrupamento asseguram que vão ser plantadas oliveiras de jardim nos locais onde foram abatidos os plátanos, porque são árvores de menor porte, que não deverão causar o mesmo tipo de problemas e consideradas mais de acordo com a região.
O Ministério da Educação já referiu que não teve conhecimento prévio desta iniciativa e que pediu esclarecimentos à direcção do Agrupamento. Mas acrescenta que a decisão de avançar para esta medida terá tido o apoio de especialistas e foi suportada com o orçamento do agrupamento.
Na envolvente da escola, a revolta é grande entre muitos habitantes. Uma idosa considera que “quem tomou uma decisão destas não tem capacidade para decidir” e adianta que o seu filho, vizinho do estabelecimento, já tentou saber junto da escola por que é que fizeram isto. Outra vizinha diz que ouviu dizer que o abate foi motivado pelos problemas nas canalizações, mas comenta que não acredita que por causa disso fosse preciso cortar as árvores todas.
Certo é que o caso já foi abordado também na última reunião da Câmara de Benavente, com os vereadores do PS a pedirem esclarecimentos e o presidente da autarquia, Carlos Coutinho, a admitir que também foi surpreendido com esta acção. O autarca da CDU mostra-se “indignado” com a situação, recorda que a autarquia dava regularmente apoio à escola na retirada de materiais das podas e promete também pedir esclarecimentos à direcção do Agrupamento.
Já Nelson Silva Lopes, eleito da Coligação PSD — Mais Para Todos na Assembleia de Freguesia de Samora Correia, questiona se terá havido algum estudo prévio que concluísse que todas as árvores deveriam ser eliminadas. “Quando regressarem às aulas em Janeiro, alunos e professores vão encontrar um recreio despido de árvores e sem sombras”, lamenta, frisando que a maioria das árvores “foram plantadas por antigos alunos em datas especiais como o Dia da Árvore, Dia do Ambiente e Dia Mundial da Criança”.
“Para além do valor ambiental, representam um valor simbólico e afectivo e transmitem um sentimento de pertença. Estas árvores fazem parte de um património imaterial desta comunidade. Temos dúvidas de que tenha sido uma decisão acertada. Vários cidadãos, incluindo antigos alunos e professores, têm manifestado o seu desagrado pela solução radical que foi encontrada”, acrescenta Nelson Silva Lopes. “Sabemos que serão plantadas novas árvores. Mas por mais acelerado que seja o seu crescimento não haverá milagre que possa garantir a sombra nos próximos anos”, conclui.
No espaço da escola, frequentada por cerca de 500 alunos, restam algumas palmeiras e laranjeiras.