Um mundo pós-modesto: os diários de Tina Brown e a Vanity Fair

A Vanity Fair foi ressuscitada por Tina Brown nos anos 1980. Os diários da directora, agora publicados, contam a sua história, e a história da era Reagan – e a de um tempo em que a imprensa tinha dinheiro a condizer com a ambição.

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Para Tina Brown, o canto de sereia de Nova Iorque não é o ruído incessante do trânsito, nem os arranha-céus pontilhados de luz, nem um plano picado sobre Central Park. O seu canto de sereia sinónimo da cidade que nos anos 1980 atingiu novo pico de atracção sobre a cultura ocidental é um clarinete de George Gershwin. Era isso que a jornalista, editora e directora ouvia quando lhe acenavam com aquele que viria a ser o seu emprego de sonho – directora da Vanity Fair, a revista das estrelas e das histórias sobre os ricos e privilegiados, das investigações sobre os bastidores do poder e das sessões fotográficas coleccionáveis de Annie Leibovitz. A revista “que viria a definir a era Reagan”, como resume o actor Alec Baldwin.

Tina Brown lançou em Novembro The Vanity Fair Diaries - 1983-1992, uma compilação editada mas pouco autocensurada dos diários que escreveu naquela quase década em que reformulou e definiu a nova (e ainda actual) encarnação da revista norte-americana. É um relato à velocidade da luz cheio de nomes sonantes e de revelações do que foi preciso para fotografar Demi Moore nua e muito grávida para a capa de Agosto de 1991 ou para criar a “mistura” perfeita de ingredientes que faz uma revista levantar-se do chão – ou, neste caso, erguer-se das cinzas – para pairar sobre a América e, gradualmente, sobre o mundo pré-internet, pré-digital, mas pós-modesto. Era tudo grande, alto, poderoso, consumista, desenfreado. Célebre. O estatuto era tudo.

“A cultura de celebridades começou quando Ronald Reagan foi eleito – um actor na Casa Branca. A Vanity Fair só expandiu a noção do que significa ser uma estrela. O facto de se aparecer na revista tornava uma pessoa glamorosa, quer se fosse um intelectual, o responsável de um think tank ou uma estrela de cinema”, disse Brown à Hollywood Reporter sobre o espelho que os seus diários erguem aos anos 1980 americanos.

Uma das publicações mais conhecidas do mundo, pertencente ao grupo Condé Nast (Vogue, GQ, New Yorker), a Vanity Fair parece ter durado sempre. Mas não. Publicada pela primeira vez em 1913, durou até 1936 atravessando com dificuldades a Grande Depressão. “Como Keats e Shelley, a Vanity Fair morreu jovem”, escreve Brown na introdução aos seus febris diários. Em Fevereiro de 1983, a Condé Nast decide ressuscitá-la, dirigida por Richard Locke (vindo da The New York Times Book Review) e, três números depois, por Leo Lerman (que vinha da Vogue).

Brown, a licenciada em Oxford e ex-namorada da estrela literária em ascensão Martin Amis, tinha-se tornado, aos 25 anos, directora da revista britânica Tatler, um digest de debutantes, solteiros disponíveis e endinheirados em geral da Grã-Bretanha. Tornou-a num sucesso em plena era Thatcher até que foi mesmo comprada pela Condé Nast. Crítica da nova versão da Vanity Fair, começou a ser cortejada para trabalhar nela, em Nova Iorque, mas não logo como directora. Seria primeiro consultora na revista, aproximando-se do cargo de direcção a passos largos. Dominada a certa altura pela ansiedade, um médico diz-lhe para se mudar para o campo e ter filhos. Poucas entradas depois, escreve, triunfante, a 15 de Dezembro de 1983: “Vou ser directora da Vanity Fair.” Tinha 30 anos.

Nos oito anos seguintes, seria responsável pelo aumento das vendas de 200 mil exemplares mensais para 1,2 milhões de exemplares e do aumento do número de páginas de publicidade (a importantíssima fonte de receitas de uma publicação em papel) de 12 para 250 páginas por edição. Seria também uma agente da força da cultura de celebridades.

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A consumista América de Regan

“É tão agressiva, a América, ou pelo menos assim pareceu quando eu cheguei”, disse ao Guardian este mês. A Vanity Fair mostrava o mundo sob um determinado prisma – “Não era sobre o outro lado da revolução de Reagan na economia, onde estavam a acontecer coisas muito más na América”, admite. O seu foco era o “movimento do dinheiro”. O mundo em que aterrou, a Nova Iorque da laca e dos chumaços, dos excessos de Wall Street e dos mil sonhos americanos em construção, era “a América de Reagan, que era um mundo black tie, furiosamente consumista”, contou a Alec Baldwin no podcast Here’s the Thing. Era o mundo que mil filmes com Melanie Griffith e Michael Douglas mostravam, e que punham Madonna tanto a atravessar o rio Hudson de ferry quanto a dançar de diamantes ao pescoço, e menos o mundo dos Glory Days de Bruce Springsteen, um dos outros Born in the USA, aqueles que não usam fato e gravata para o trabalho.

“Nunca tinha visto tal excesso, tanto dinheiro, estava fascinada, era um pouco decadente”, explica a Baldwin numa conversa tão franca quanto os seus diários, que foram tanto uma reacção à era Reagan e ao novo emprego quanto uma reacção a Nova Iorque. Estava sozinha. O marido, o mítico editor do Sunday Times Harold Evans, vinha para os EUA com ela, mas iria viver para Washington; só mais tarde fundaria a revista de viagens Condé Nast Traveller e, depois, se tornaria responsável pela editora Random House em Nova Iorque. Para já, era Tina Brown e um maço de cadernos escolares azuis, incrivelmente estimulada pelo trabalho e pela cidade onde tudo parecia novo. E com a voz insolente com que critica o aspecto e a atitude de quem a rodeia.

A América podia tê-la comido viva, como quando deu 5000 dólares em dinheiro a um falso agente imobiliário para tentar alugar casa quando chegou a Manhattan. Ou quando lhe exigia que saísse muito, todas as noites, de guarda-roupa impecável e conhecendo tudo e todos. Escreve: “A América é demasiado grande, demasiado rica, demasiado ambiciosa. A América precisa de ser editada.”

10 de Janeiro 1984
“Adorei a minha primeira semana! A ética de trabalho e a energia são tão diferentes de Londres (...) especialmente quando telefono para Londres para falar com autores e ouço a chuva nas suas vozes. (...) Hoje telefonei a Martin [Amis] para lhe pedir que fizesse um texto sobre uma nova peça do West End e ele disse ‘Tenho de a ver?’.”
 
19 de Fevereiro de 1984
“Cheguei refrescada da Florida e despedi Linda Rice. Tenho de limpar a casa.”

14 de Setembro de 1984
“Acabei de me aperceber que me esqueci do aniversário da Mamã ontem. Uma coisa que nunca tinha feito."

 6 de Novembro de 1984
“Reagan venceu a reeleição. Por vasta maioria e sem surpresa. É uma era da TV e Mondale tinha uma capacidade de actuação zero . (…)A maior parte dos que votaram Reagan provavelmente estariam melhor sob um Presidente Mondale, mas isso não importava.”

 13 de Novembro de 1984
“A energia social está ainda mais elevada com a reeleição de Reagan. A Casa Branca dita o que está in e o que está out. (…) Estamos a ver a invasão de DC pela Califórnia e Park Avenue, a fusão dos valores [do jornal da indústria da moda] Women’s Wear Daily com a observação do poder Washington Post, um elenco que vê tudo pela lente de Hollywood e do [luxuoso restaurante nova-iorquino] Le Cirque. É o pasto perfeito para uma revista chamada Vanity Fair.”

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Tina Brown tinha 30 anos quando assumiu a direcção da "Vanity Fair" (com a sua equipa nesta fotografia): as vendas aumentaram de 200 mil exemplares mensais para 1,2 milhões de exemplares

A fórmula

Graças aos diários, estamos com Tina Brown na mesa da direcção de arte, a cortar e a colar com os designers gráficos, a esquematizar o que ainda são ingredientes-chave da revista: páginas como a secção Vanities, ou o índice cuidadosamente organizado. Também viajamos com ela a Espanha para estar com os pais, perto de Málaga, celebramos a saída do livro do marido sobre a gestão ruinosa do Times por Rupert Murdoch, ou sabemos que o seu 30.º aniversário foi festejado com “umas pérolas” e um jantar. Voltamos para ponderar o equilíbrio de um artigo de Bruce Chatwin sobre os escritores que se escondem do mundo em Capri e a “modernidade e cultura pop de Annie [Leibovitz]” nas suas fotografias na revista. No início, “a componente em falta são as notícias, mas lá chegaremos”, escrevia em 1984. Um ano depois, ainda luta por acertar na “mistura”, o nome que dá aos ingredientes chave para fazer uma boa revista.

“Uma fórmula VF que funciona está finalmente a começar a insinuar-se. Capa com celebridade para as bancas, uma narrativa noticiosa sumarenta... um artigo literário da Lista A, escapismo visual, um perfil político revelador, moda. Se conseguirmos o melhor de cada um destes por edição, vai funcionar.” Queria ter qualquer coisa para toda a gente, como uma boa loja. Trinta e três anos depois, em rondas de entrevistas para publicitar o lançamento dos seus diários (ainda sem edição em português), Brown explica como queria ressuscitar a Vanity Fair, que trata por “VF” nos diários. “Queria combinar a elegância da famosa revista dos 20 e 30 com algum do jornalismo narrativo cartilaginoso que se tinha tornado um elemento definidor das grandes revistas dos anos 70s e 80s, como a Rolling Stone ou a revista New York. Queria modernizar essa fórmula.”

O primeiro jornalista que contratou foi Dominick Dunne, o escritor que a encantou quando o conheceu e que lhe contou como a sua filha, Dominique, fora assassinada – encomendou-lhe um texto sobre o crime, que saiu na edição anterior à sua entrada para a direcção. Cultivou os fotógrafos Annie Leibovitz, Helmut Newton ou Irving Penn, mexeu o tacho constantemente. A sua primeira capa tinha Daryl Hannah vendada com um Óscar em cada mão, uma ideia organizada por Dunne sob o tema de Brown, “Blonde Ambition”. Ia sair um filme com esta actriz loira em ascensão chamado Splash e essa sereia podia ser um êxito. Foi.

“O dilema infinito do que faz a mistura perfeita é o que evita que me entedie.” O crítico Nathan Heller escreve hoje sobre Brown na New Yorker: “O seu dom é pressentir a grande história que emerge do pequeno detalhe mais humano. Esse instinto alimentou o seu salvamento da Vanity Fair.” “A ‘mistura’, como Brown lhe chama, comprovava ser irresistível do ponto de vista comercial, porque "apelava tanto ao formigueiro das nossas zonas erógenas como às nossas mentes cansadas ou aspiracionais”, confirma Peter Conrad, professor de Literatura Inglesa em Oxford. Eram tempos de dinheiro na bolsa e de cortes de impostos para as empresas na Casa Branca, e de fulgor financeiro na industria dos média. Havia dinheiro para pagar 10 mil dólares a um jornalista por um artigo.

Heller postula: “Brown tornou-se sinónimo da última grande renascença das revistas americanas em papel. Na Vanity Fair, e depois na New Yorker [para onde foi convidada para o cargo de directora em 1992], aumentou o número de leitores. Os seus apetites editoriais eram ferozes.” Em 1985, faz uma das suas capas seminais. A Vanity Fair vai à Casa Branca e na sessão fotográfica o fotógrafo põe a tocar Nancy (with the laughing face), de Frank Sinatra. A primeira dama, Nancy, derrete-se e o par enleva-se a dançar, rodopiando até à capa da revista. Brown destapou um pouco do mistério público do casamento dos Reagan. “A capa de Reagan a dançar continua a vender loucamente”, assinala no diário.

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Depois de estar à frente da revista britânica "Tatler", Tina Brown chega a Nova Iorque na "era do consumo Reagan" DAVID HOWELLS/GettyImages

Ansiedade de status

Nos anos seguintes, Tina Brown vive como se estivesse sempre em pesquisa, embedded como um jornalista de guerra num pelotão militar, mas desta feita infiltrado como correspondente do luxo e do poder para um livro futuro que (ainda) não escreveu sobre a vida da alta sociedade de Nova Iorque, cidade que tanto adora, “ponto final”, quanto lhe dá “herpes no cérebro” só de pensar nela. “Estes foram anos passados entre a elite endinheirada de Manhattan e Los Angeles e os Hamptons... Por favor não esperem ruminações sobre as consequências sociológicas da economia trickle-down”, a que conta que os benefícios para os mais ricos cheguem aos mais pobres, tinha avisado no prefácio. Uma das suas palavras preferidas é “sexy”; e uma das palavras mais usadas para descrever a editora que depois iria dirigir a New Yorker (onde introduziu a fotografia e enfrentou enorme oposição interna), e o site Daily Beast até à sua fusão com a revista Newsweek, e depois a revista Talk (um projecto de curta duração financiado pelo agora infame produtor Harvey Weinstein) é “drive” – perseverança, motivação, ímpeto.

“Se estes diários têm um tema, é ansiedade de status. Não houve melhor momento do que os 80s para explorar a ansiedade de status”, escreve a crítica Jennifer Senior no New York Times. “Uma crise no mundo de Brown era ser sentada na mesa errada do Four Seasons ou ser forçada a coordenar a cobertura da morte de Andy Warhol em alta voz porque a pessoa mais adequada para o fazer [Bob Colacello] estava de folga [na estância de esqui] em Gstaad”, ironiza Senior. A sida infiltra-se no glamour empresarial de Brown logo em 1985 e os funerais de amigos e colaboradores começam a fazer as suas aparições. O crash da bolsa em 1987 faz pouca mossa na narrativa. A festa continua e o rodopio dos frutos do seu jornalismo descritivo (ela chama-lhe “ganância de observação”) é temperado pelos comportamentos simbólicos que descodifica – há tantas mulheres ricas a tirar os brincos de jóias à sobremesa para mostrar como são pesados, por exemplo.

No livro, quando Brown é abrasiva “escreve como a gémea azeda de Martin Amis” mas também “serpenteia entre a literatura e a linguagem acetinada [dos publicitários] de Madison Avenue”, opina Peter Conrad. Entre muitos nomes que pouco dizem aos que não viveram aquele tempo ou não estudaram aquela era nos média, há os que são sonantes. Alguns já morreram, outros não. Brown diz ter editado os seus diários para que as farpas que lançam não sejam só gratuitas e possam ter algum interesse para o leitor.

Exemplos: cruza-se com uma Jackie Onassis “enlouquecida”; Philip Roth é “como um contabilista”; Norman Mailer é um “coala machão”; o príncipe Carlos tinha “glamour” mas também um ar de “profundo tormento espiritual”; Martin Amis é um “Don Juan literário”; Michael Huffington, o ex-marido de Arianna, tem “um sorriso fraco”; Boris Johnson, futuro político britânico que conheceu enquanto estudante, é “um merdas épico”, “odioso” mesmo. Mick Jagger sobre como não dorme só com miúdas ocas: “Quer dizer, a Bianca é bastante esperta”. Warren Beatty, tentando seduzi-la: “Olha, se algum dia quiseres desperdiçar um pouco de tempo...”. E depois há Donald Trump, o empresário que “tinha uma grosseria de que eu gostava”.

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Com o marido, o mítico editor do "Sunday Times" Harold Evans Ron Galella/Getty Images

Trump, um vigarista que nos entretém

A mulher que tornou a Vanity Fair rentável não esconde a sua admiração peculiar por Trump. Na altura, a revista publicou em exclusivo um excerto do livro do magnata obcecado pela fama, The Art of the Deal. “Quando se acaba [a leitura], parece que estivemos quatro horas cara a cara com um vigarista que nos entretém”, escreve Brown. “Suspeito que o público americano gostará muito.” Todos estes anos mais tarde, “tanto do espírito daquele período reemergiu e subitamente estamos novamente a nadar nele. A começar com Donald Trump, claro, que está sempre a reaparecer e a reemergir como um vírus em vários momentos ao longo do diário”, admite Brown na Hollywood Reporter. O livro “era bullshit, mas era bullshit autêntica. Era um verdadeiro sinal dos tempos”, acrescenta. “Só mais tarde percebi quão perigoso podia ser”, embora soubesse como o actual Presidente dos EUA despejou vinho na parte de trás do vestido da jornalista Marie Brenner, autora de uma investigação de 1990 da Vanity Fair sobre o fim do seu casamento com Ivana, do qual não gostou.

Brown, durante estes anos foi mãe duas vezes e deparou-se com o sexismo mas não com problemas de assédio, por exemplo. Diz ter avisado em 2008 a campanha de Hillary Clinton de que Weinstein era um mulherengo e que a política devia afastar-se dele (mas nada sabia, diz, de crimes como o assédio ou violação que alegadamente o produtor terá cometido). Hoje é a primeira a admitir que o facto de desde os 25 anos ter sido líder de equipas e publicações a escudou de certos comportamentos; ainda assim, admite dificuldades em pedir um aumento quando a revista tinha dado provas fulgurantes de sucesso. “Acho que as mulheres se sentem muito menos confiantes, muitas vezes, ao pedir mais dinheiro e não posso fingir que entrei por lá adentro e exigi um aumento. Não o fiz”, confessa ao Guardian. Só quando soube que o seu correligionário na GQ tinha um ordenado muito mais elevado do que o seu pôs um agente e um advogado a tratar do caso.

O casamento, as saudades do marido e o facto de serem ambos workaholics são aludidos, bem como os problemas de desenvolvimento do filho, mais tarde diagnosticado com síndrome de Asperger. “Foi culpa minha por trabalhar demasiado e por demasiado tempo?”, diz sobre George, que nasceu dois meses prematuro numa altura difícil na revista. O marido, tão entregue ao trabalho quanto ela e 25 anos mais velho, não ajuda tanto quanto gostaria.

1989: “Quero mais tempo para contemplação, mas parece que não consigo viver de outra maneira. Sinto pânico quando paro.” Se não estiver a trabalhar está inquieta, mas "culpa" é outra palavra que surge várias vezes na sua relação com a família, que cresceria com a filha Isabel em 1990. Só aceita ir para a New Yorker depois de os pais acederem a mudar-se para os EUA para ajudarem com as crianças. “Nenhuma mulher poderosa se safa completamente”, diz à Hollywood Reporter sobre os seus feitos e custos. “A eleição [presidencial de 2016] foi uma metáfora grotesca para as dificuldades de muitas mulheres no local de trabalho.”

“Pense-se o que se pensar de Hillary – e ela era uma candidata com falhas, que fez muitas coisas mal –, foi o clássico que acontece às mulheres, que é a mulher que tem melhores qualificações, que trabalha mais e que podia atacar qualquer tipo de tema político foi vencida por um grande vigarista fala-barato. E isso acontece frequentemente”, frisou no Guardian.

Ainda assim, admite: “Eu sei que é a resposta feminista errada, mas a maior parte dos meus modelos foram homens. Eles sempre tiveram as vidas que eu queria.” Na Vanity Fair foi sucedida por Graydon Carter (1992-2017), substituído dia 11 de Dezembro por Radhika Jones; em 1998, Tina Brown saiu da New Yorker, onde foi tanto criticada quanto elogiada, para a efémera Talk, onde pôs uma jovem Gwyneth Paltrow na capa de estreia em pose bondage; hoje gere a empresa Tina Brown Live Media, que produz conferências e cimeiras agora mais focadas no papel das mulheres nos média. Escreveu uma elogiada biografia da princesa Diana em 2007, e agora publicou os seus diários, que irá ser uma série de TV e que, como resume Jennifer Senior, “para os fãs dos meios de comunicação tradicionais, são um volume encadernado de crack”.

Este artigo encontra-se publicado no P2, caderno de domingo do PÚBLICO