O British Film Institute abriu o arquivo de filmes “órfãos” na Internet

Obras britânicas cujos direitos não conseguem ser localizados, seja porque as empresas que os detinham acabaram ou porque os seus titulares já morreram, têm vindo a ser postas na conta de YouTube do instituto, que reuniu agora tudo numa playlist.

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Hangman é um dos filmes do arquivo DR

Uma obra órfã é uma obra protegida por direitos de autor, mas cujos detentores são impossíveis de contactar ou sequer de determinar. Sejam livros, filmes ou artigos de revista ou jornal, há obras destas guardadas por museus, bibliotecas ou arquivos de todo o mundo. O seu enquadramento legal dificulta as respectivas preservação e digitalização, mas em 2012 uma directiva do Parlamento Europeu passou a permitir que isso fosse feito de forma legal.

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Uma obra órfã é uma obra protegida por direitos de autor, mas cujos detentores são impossíveis de contactar ou sequer de determinar. Sejam livros, filmes ou artigos de revista ou jornal, há obras destas guardadas por museus, bibliotecas ou arquivos de todo o mundo. O seu enquadramento legal dificulta as respectivas preservação e digitalização, mas em 2012 uma directiva do Parlamento Europeu passou a permitir que isso fosse feito de forma legal.

O British Film Institute guarda alguns filmes britânicos (documentários, filmes de ficção ou anúncios, curtas ou longas) que remontam ao século XIX. E tem passado este mês a disponibilizar no YouTube uma colecção que conta com 170 filmes produzidos entre 1899 (uma curta de G.A. Smith, The Kiss in the Tunnel) e 1985 (Hangman, um vídeo de precauções de segurança) e está agora reunida numa playlist, Orphan Works. Há de tudo por estes lados. Comédia, drama, do mais ao menos artístico, com uma boa dose de filmes mudos – seja porque nunca tiveram banda sonora ou porque esta se perdeu com o tempo – e também algumas obras incompletas (como este documentário de 1947 sobre comboios em miniatura).

Quer ver uma curta-metragem com o actor cómico Lupino Lane, que viria depois a encontrar o sucesso em Hollywood e na Broadway? Experimente The Dummy, de 1916, dirigido por W.P. Kellino. Um jovem estudante australiano a mostrar o que se pode fazer sem muito dinheiro no condado de Somerset no Verão de 1968? Experimente One Summer in Somerset, um filme de propaganda turística –  a meio, o protagonista vai a uma piscina onde decorre um concurso de beleza no qual Peter Adamson, na altura um actor da telenovela Coronation Street, é jurado.

Prince Charles at Play, um vídeo caseiro de 1949, mostra um ainda bebé Príncipe Carlos de Inglaterra a brincar no jardim, enquanto Phillips Bicycles - Publicity Films for West Africa, de 1954 tenta vender para o mercado da África Ocidental as bicicletas do segundo maior fabricante britânico da altura. Se sempre quis descobrir de onde vem a rumba, There’s Reason in Rhumba, de 1939, é um bizarro vídeo educativo que tenta contar a origem desse ritmo e dessa dança. Talvez, se estiver com mais tempo, prefira a primeira adaptação cinematográfica de Hobson’s Choice, uma peça cómica de Harold Brighouse. Lançada em 1920, é uma obra de Percy Nash.

Uma das preciosidades curiosas da colecção é Hangman, um vídeo de divulgação de precauções de segurança para operários, com um ambiente de terror dos anos 1980. Escrito e realizado por David Evans, é um jogo da forca em que um carrasco fala directamente para a câmara enquanto instiga os espectadores a adivinharem que falhas de segurança é que levaram quatro trabalhadores a morrer em acidentes laborais.

Também há tutoriais de 1970 sobre como usar bem um telefone em contexto de negócios ou filmes de 1963 sobre dois rapazes a andarem de bicicleta em Londres. Mais sério é Snapshots of China: Shayoang Hospital, Hunan, um documentário mudo amador sobre missionários metodistas num hospital em Shaoyang, na China, em 1946. Foi realizado por JG Pearson, um médico missionário que rodou cinco outros filmes.