Emigração portuguesa está em queda desde 2013
Relatório do Observatório da Emigração indica que para a queda da emigração também contribuiu a situação em Angola e o Brexit no Reino Unido.
Os dados do Relatório da Emigração, lançado nesta quinta-feira, confirmam o que o PÚBLICO já antecipara na semana passada: foram 100 mil os portugueses que emigraram em 2016, menos 10 mil que no ano anterior, acentuando a tendência de descida da emigração que se verifica desde 2013.
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Os dados do Relatório da Emigração, lançado nesta quinta-feira, confirmam o que o PÚBLICO já antecipara na semana passada: foram 100 mil os portugueses que emigraram em 2016, menos 10 mil que no ano anterior, acentuando a tendência de descida da emigração que se verifica desde 2013.
"Em 2016, essa trajectória de descida teve mesmo uma ligeira aceleração, ficando-se o número de saídas por um valor da ordem dos 100 mil indivíduos", indica o relatório elaborado pelo Observatório da Emigração.
Em 2015, o número de portugueses que saíram do país foi de 110 mil. De acordo com o estudo, publicado anualmente, "a análise da nova série estatística construída pelo Observatório da Emigração revela que a emigração atingiu o seu valor máximo deste século em 2013, com cerca de 120 mil saídas, tendo desde então iniciado uma trajectória de descida em linha com a recuperação económica no país, embora a um ritmo mais lento".
Apesar desta tendência, mantêm-se ainda níveis de emigração que, na história recente, só têm paralelo com os movimentos populacionais dos anos de 1960 e 1970 do século XX, frisa-se.
O documento indica ainda que é improvável, a curto prazo, "a retoma dos níveis mais baixos de emigração anteriores à crise" económica.
Portugal continua a ser, em termos acumulados, o país da União Europeia (UE) com mais emigrantes em proporção da população residente (considerando países com mais de um milhão de habitantes).
"De acordo com as últimas estimativas das Nações Unidas, para 2015, o número de emigrantes nascidos em Portugal superou os dois milhões e trezentos mil (2,306 milhões), o que significa que cerca de 22% dos portugueses vivem fora do país", sublinhou o relatório.
A percentagem de portugueses a viver na Europa passou de 53%, em 1990, para 62%, em 2015, de acordo com estimativas das Nações Unidas.
A tendência mais global e continuada da emigração estará ligada aos efeitos da retoma económica observada em Portugal durante 2013 e 2016.
No entanto, a aceleração da redução do número de saídas de Portugal ocorrida em 2016 "explica-se mais por alterações no destino do que na origem", tendo sido fundamental "a interrupção do crescimento da emigração para Angola e Reino Unido", sublinha-se no relatório.
De acordo com o documento, em 2016 com a acentuação da crise do petróleo em Angola (quebra de -2,807 nas entradas) e com a aprovação do Brexit no Reino Unido (quebra de 5%), a emigração para estes dois países teve a sua primeira queda desde a eclosão da segunda fase da crise económica em Portugal (crise das dívidas soberanas).
O Reino Unido continua, apesar de tudo, a ser o país para onde emigram mais portugueses, com 30,5 mil em 2016. Seguem-se, como principais destinos, a França (mais de 18 mil em 2014), a Suíça (10,1 mil em 2016) e a Alemanha (8,8 mil em 2016).
Fora da Europa, os principais países de destino da emigração portuguesa são africanos: Angola (3,9 mil em 2016) e Moçambique (1,4 mil em 2016), que também sofreu uma queda nas entradas dos emigrantes portugueses.
De acordo com o documento, "a França continua a ser o país do mundo onde vive um maior número de emigrantes nascidos em Portugal, com mais de 600 mil em 2013".
Ainda com mais de 100 mil emigrantes portugueses residentes encontra-se, por ordem decrescente, a Suíça (216 mil em 2016), os Estados Unidos (148 mil em 2014), o Canadá (143 mil em 2011), o Brasil (138 mil, em 2010), o Reino Unido (131 mil, em 2016), a Alemanha (112 mil, em 2016) e a Espanha (100 mil, em 2016).
O documento refere que a população portuguesa emigrada encontra-se em processo de envelhecimento e continua a ser maioritariamente composta por activos pouco qualificados, em termos globais, já que existem diferenças significativas por países.