La Bamba, a loja de discos mais ocidental da Europa
Aberta em Julho em Ponta Delgada, a La Bamba é o único espaço físico onde se compram discos entre Lisboa e Boston. Responsabilidade do ex-hoquista Luís Banrezes, mais conhecido por Kitas, um dos dinamizadores do festival Tremor
Luís Banrezes, conhecido por Kitas, natural de Trás-os-Montes, foi para os Açores há mais de dez anos para jogar hóquei, passou por Espanha e voltou a Ponta Delgada, onde abriu a loja de discos mais ocidental da Europa.
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Luís Banrezes, conhecido por Kitas, natural de Trás-os-Montes, foi para os Açores há mais de dez anos para jogar hóquei, passou por Espanha e voltou a Ponta Delgada, onde abriu a loja de discos mais ocidental da Europa.
Aberta em Julho, a La Bamba é o único espaço físico onde se compram discos (de vinil, o CD pouco entra no espaço) entre Lisboa e Boston, entre a Europa continental e o continente americano, diz Kitas, em declarações à Lusa. Existem outros espaços nos Açores, inclusive em Ponta Delgada, que vendem CD e vinil, mas nenhum somente dedicado a esta área.
Na La Bamba, quase tudo o que se vende diz respeito ao vinil, sejam gira-discos, posters de artistas ou outro material de som. "Jogava hóquei, foi por isso que vim para os Açores, para jogar no Santa Clara", começa por contar Kitas, nascido em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, há 38 anos. "A necessidade", como a classifica, fê-lo ligar-se ao ramo cultural: "Por que é que tenho de ir para Lisboa ou para o Porto comprar discos?", questionou-se quando voltou aos Açores depois de ter passado uma temporada em Espanha.
A La Bamba tem um espaço dedicado a discos em segunda mão, mas é nas novidades que residem os maiores destaques: uma breve vista de olhos no espaço dá para perceber que estão à venda vinis de alguns dos álbuns mais celebrados de 2017, como são os casos dos discos de LCD Soundsystem, Kendrick Lamar ou Grizzly Bear.
Os clientes, afiança Kitas, estarão entre os 50% de locais e conhecidos e 50% de turistas: no primeiro caso é um "cliente bastante adulto", mas muitos "trazem os filhos e mostram o ritual do vinil, como a música é menos descartável" nesse formato. Já os estrangeiros "só querem ouvir coisas portuguesas", mas "nem por isso fado", antes rock, punk, editoras mais pequenas e alternativas — talvez tenha a ver com o próprio perfil do turista que vai aos Açores, diferente do que escolhe Lisboa como destino, acredita o empresário.
Questionado sobre as maiores dificuldades da insularidade neste negócio em concreto, Kitas é peremptório: "Os portes [para trazer os discos]. Facilitaria não pagar os portes. Os preços que tenho [de venda ao público] são bastante razoáveis, eu assumo os portes", diz. Em paralelo com a La Bamba, Kitas é um dos dinamizadores do Tremor, festival que decorre na ilha de São Miguel e que, em 2018, levará aos Açores, em Março, nomes como Dead Combo ou The Parkinsons.