Tempestade Tembin matou centenas de pessoas e fez desaparecer uma aldeia
Há quase 300 desaparecidos após chuvas fortes e cheias em vários locais de Mindanau, a segunda maior ilha do arquipélago filipino.
Chuvas torrenciais e cheias mataram mais de 180 pessoas em Mindanau, nas Filipinas, com um rio a transbordar e águas a arrastarem pedras, árvores, e ainda centenas de casas, segundo a emissora britânica BBC. Uma aldeia de pescadores desapareceu totalmente, e havia cerca de dez localidades alagadas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Chuvas torrenciais e cheias mataram mais de 180 pessoas em Mindanau, nas Filipinas, com um rio a transbordar e águas a arrastarem pedras, árvores, e ainda centenas de casas, segundo a emissora britânica BBC. Uma aldeia de pescadores desapareceu totalmente, e havia cerca de dez localidades alagadas.
A tempestade atingiu depois a ilha turistica de Palawan e move-se para oeste do arquipélago filipino. Segundo a Cruz Vermelha das Filipinas, morreram pelo menos 156 pessoas e 291 estão desaparecidas depois do início das chuvas na sexta-feira, provocadas pela tempestade tropical Tembin, que deverá durar até segunda-feira.
“A chuva fez o rio Cabuyo transbordar”, descreveu Vicmar Palomar, responsável dos serviços de emergência da região de Tubod. “Depois da passagem das águas, uma comunidade com 103 casas desapareceu completamente”, disse. Um polícia local, Berry Parami, confirmou à AFP: “A aldeia já não existe”.
Um ferry afundou-se depois de ter sido atingido por ventos fortes. Morreram pelo menos cinco pessoas neste acidente, e mais de 250 outros passageiros e tripulação foram salvos.
As comunicações ficaram cortadas e com a impossibilidade de passagem de ferries e cancelamento de voos tudo se complicou. Os responsáveis ainda tentavam perceber a dimensão das perdas – há dezenas de pessoas desaparecidas – enquanto equipas dos serviços de emergência, soldados, polícia e voluntários eram deslocadas para os locais mais afectados para procurar sobreviventes, recuperar corpos da lama, e restabelecer as comunicações.
“Estamos em total estado de alerta”, comentou o presidente da Cruz Vermelha das Filipinas, Richard Gordon, à emissora pan-árabe Al-Jazira. “E estamos a tentar perceber como ajudar tantas pessoas que estão ainda realmente em perigo.”
“O terreno é difícil, há muitas pedras, e a zona é muito grande”, explicou Gordon, acrescentando que a tempestade tropical teve efeitos em vários locais. “Não é só numa província, é em várias. E por isso estamos a ter problemas em conseguir comunicar com outros locais que possam ter sido afectados.”
As equipas de socorro temem que o número de mortos seja ainda maior quando aumentar a possibilidade de acesso às áreas afectadas.
Nas Filipinas há uma média de 20 tufões por ano, mas a ilha mais atingida, Mindanau, raras vezes sofre estes fenómenos pela sua localização mais perto da linha do Equador. Na semana passada, morreram 46 pessoas na parte central do arquipélago, e no Natal passado um tufão atingiu a capital, Manila.
O presidente da câmara da cidade de Sibuco disse que tudo foi demasiado rápido para as pessoas da aldeia de Anungan conseguirem reagir: “As águas desceram tão depressa a montanha, que levaram pessoas e casas”. A rapidez foi ajudada pela falta de árvores: anos e anos de desflorestação causada pela exploração de madeira e por substituição de árvores por plantações de ananás contribuíram para a tragédia, acrescentou, prometendo parar com o corte de árvores.
Milhares de pessoas estavam em abrigos de emergência e outros milhares em aeroportos e portos marítimos. Um porta-voz do Governo disse que pelo menos 72 mil pessoas foram afectadas pelas cheias.
Uma das províncias mais afectadas, Lanao del Sur, é uma das mais pobres do país. O responsável da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Andrew Morris, lembrou à BBC que o local tem sido palco de violência entre forças do governo e islamistas, o que levou a que cerca de 350 mil pessoas deixassem as suas casas para escapar à violência e que estavam especialmente vulneráveis.