Dar vida aos álbuns de viagem

Faça cinemagraphs em vez de fotos e evite os bocejos da próxima vez que convidar alguém a ver as fotos das férias.

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Com uma aplicação é possível dar movimento a fotografias, encurtando um processo que há meia dúzia de anos poderia demorar semanas Paulo Pimenta

Alexandre Miguel é um dos mais prolíficos autores mundiais de cinemagraphs — um formato de imagem que combina fotografia e vídeo e que é um excelente recurso para quem quer dar vida aos álbuns de viagens lá de casa.

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Alexandre Miguel é um dos mais prolíficos autores mundiais de cinemagraphs — um formato de imagem que combina fotografia e vídeo e que é um excelente recurso para quem quer dar vida aos álbuns de viagens lá de casa.

Trata-se de um formato relativamente recente, que nasceu em 2011 pela mão de um casal de fotógrafos de moda dos EUA. Na altura, cada imagem requeria horas, dias ou mesmo semanas de trabalho de edição e conhecimentos mínimos de software de imagem e de vídeo. Hoje há uma mão cheia de aplicações (apps) para telemóvel, tablet e computador que vieram simplificar e encurtar o processo, fazendo do cinemagraph uma alternativa para quem quer surpreender família, amigos ou clientes com fotografias que têm detalhes com movimento. Até já há jornais a recorrerem a este formato nas suas edições digitais.

Quem nunca viu, e sente ainda dificuldade em imaginar o que é um cinemagraph, pode imaginar um GIF, porque um cinemagraph não é muito diferente — embora na realidade não tenha nada a ver.

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Diferenças fundamentais (sem entrar em aspectos técnicos): um GIF dispõe de 256 cores, um cinemagraph pode ter milhares porque é um formato de alta definição, incluindo o 4K. Ao contrário de um GIF, o cinemagraph combina fotografia estática com vídeo — não pode ser impresso mas pode ser exibido em qualquer ecrã, incluindo televisão 4K/HD.

Para o seu trabalho, Alexandre Miguel usa a app Cinemagraph Pro, apenas disponível para equipamentos Apple (iPhone, iPad e Mac). “Descobri-a há uns quatro anos, foi no ano em que a app foi eleita pela Apple como uma das melhores aplicações do ano e de imediato vi que tinha enorme potencial”, recorda este profissional do multimédia, que vive em Lisboa, mas divide a sua vida entre a capital e a região Norte, onde também se dedica aos vinhos, outro dos seus interesses profissionais.

Descobriu o cinemagraph um pouco por acaso. “Foi através de uma revista. Estava a ler um artigo sobre uma viagem pelo Nepal”, conta. Tentou perceber o que era, como se fazia, mas nessa altura era preciso muita edição vídeo e imagem, num processo “moroso e exaustivo”. “Era bastante complicado. Perdi horas a editar também porque criava imagens digitais de raiz”, continua.

Com o advento dos smartphones, a massificação do mercado de aplicações e a generalização das câmaras digitais nos telemóveis, era uma questão de tempo até que aparecesse software capaz de simplificar o processo. O trabalho inicial do casal Kevin Burg e Jamie Beck que, em 2011, apenas procuravam dar vida às suas produções fotográficas de moda, abriu caminho a uma inovadora forma de apresentar imagens, em que um dos principais custos era o tempo. Um só cinemagraph “poderia requerer semanas de trabalho de produção”, como os próprios “pais” do cinemagraph salientaram numa entrevista de 2015 à revista AdWeek.

No mercado há apps para iOS e para Android: Cinemagraph, Loopsie, Zoetropic são algumas delas. O melhor é descarregar e testar, até porque nem todas têm as mesmas características e o produto final apresenta diferenças.

A Cinemagraph Pro é, talvez, a mais conhecida na actualidade. Está protegida por patentes, foi desenvolvida por uma empresa canadiana, a Flixel, que passou em Novembro pela Web Summit, em Lisboa. Tyra Banks, ex-modelo e apresentadora norte-americana de TV, foi uma das investidoras iniciais da Flixel.

Robert Lendvai, responsável do marketing da empresa, diz que a app da Flixel foi descarregada três milhões de vezes até agora. É gratuita, mas para tirar total partido dela é preciso pagar 199 dólares por ano (cerca de 168 euros, ao câmbio actual). Esse valor dá direito a exportar cada cinemagraph sem a marca d’água da Flixel; ao armazenamento numa cloud; e a opção de partilhar cada imagem através de um embed.

Foi com a app da Flixel que Alexandre Miguel se tornou num dos principais produtores mundiais. “Comecei a fazer coisas mais rapidamente, sem perder qualidade. Para quem está ligado às artes, é muito apelativo.” Para quem faz fotografia de viagem também. Ou casamentos. “Temos viajantes, vloggers, bloggers, fotógrafos profissionais ou amadores, todo o tipo de pessoas entre os nossos clientes”, salienta Lendvai.

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E qual o segredo para um bom cinemagraph? Alexandre Miguel enumera algumas dicas: usar sempre um tripé (porque o produto final é uma imagem estática com movimento mas a base é o vídeo); pensar antecipadamente onde vai estar o movimento e o que vai mexer; que tipo de movimento se pretende (loop — que se repete a si próprio, “óptimo para efeitos na água, por exemplo” — ou bounce loop — que chega ao fim e volta para trás, “apropriado para algo que se move ao sabor do vento, como vegetação ou bandeiras”).

Se já está a pensar nas viagens de 2018 e nunca dispensa a fotografia, na próxima arrisque o cinemagraph. E quem sabe se da próxima vez que tiver convidados lá em casa, estes já não vão torcer o nariz quando lhes quiser mostrar o mais recente álbum de férias.

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