Fora de água, Peniche conta histórias de surf
João Polónio, Filipa Bento e Katharina Will Sommer mudaram-se para Peniche motivados pelas ondas. Todos contam histórias sobre o surf, dentro e fora de água
As pranchas e as ondas são clássicos retratos de Peniche, que é também o local onde as histórias de João, Filipa e Katharina se cruzam, com o mar sempre metido na conversa. João Polónio, de Queluz, e Filipa Bento, de Setúbal, decidiram embarcar até ao Baleal para contar as histórias de uma paixão recente. A viagem de Katharina, uma alemã a navegar de caravana pela Europa, também se conta através do surf e do Baleal — que os juntou a todos.
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As pranchas e as ondas são clássicos retratos de Peniche, que é também o local onde as histórias de João, Filipa e Katharina se cruzam, com o mar sempre metido na conversa. João Polónio, de Queluz, e Filipa Bento, de Setúbal, decidiram embarcar até ao Baleal para contar as histórias de uma paixão recente. A viagem de Katharina, uma alemã a navegar de caravana pela Europa, também se conta através do surf e do Baleal — que os juntou a todos.
O resultado é um vídeo, do The Outside Crowd (de João Polónio e Filipa Bento), sobre as aventuras da jornalista alemã nas ondas e no Baleal, em Peniche, onde os portugueses contam a história que trouxe Katharina até Portugal — e até ao surf —, numa viagem de carrinha a partir da Alemanha.
Estão apostados em divulgar o que acontece para cá do mar. João e Filipa descobrem histórias como a de Dan Costa, um shaper de Setúbal, que foi descoberto com surpresa: como é que alguém faz pranchas num sítio sem surf? São estas curiosidades, entre quem faz pranchas ou tem uma loja dedicada a este mundo, que alimentam o The Outside Crowd, criado pelo rapaz de Queluz para continuar um documentário realizado na faculdade. “Percebi que havia muita coisa que acontecia fora de água e da qual ninguém falava”, explica.
Esse foi o mote para o nascimento da página à qual Filipa se juntou pouco depois. “Não tinha qualquer conhecimento sobre surf, mas depois vi o projecto e percebi que se estendia a toda a gente”, conta. Juntam-se biografias, histórias e as profissões que moldam o surf, por fora. Filipa ainda está a aprender a dominar as ondas, depois de ter sido "arrastada" para o surf.
Mas falta o princípio. Tudo começa no documentário de faculdade e numa viagem ao Baleal “sem prazo para voltar”. A ideia já estava formada na cabeça de João: “Enviei cinco e-mails. Se alguém dissesse que sim, avançava. Todos disseram que sim”. A partir daqui, cada pessoa com quem falaram dava outra história para contar. Foram aprendendo com as próprias histórias e passaram de um primeiro vídeo “muito técnico” para contactos com o japonês — Kazuyoshi Sasao— e a alemã que apresentam neste vídeo.
A alemã é Katharina Will Sommer, que já sabe que ninguém acredita que existem fãs de surf na Alemanha. A descrição que nos faz é diferente; diz que é por serem um povo muito viajado. Ela que o diga: embarcou numa aventura há alguns meses, ela e uma carrinha, ao estilo van life. O destino foi Peniche, depois de atravessar a Costa Oeste europeia, durante quatro meses. Agora, depois de regressar ao seu país, já está a planear o regresso.
“No próximo ano, vou viver para Portugal”, desvenda. Tudo por causa do surf. Há dois anos criou uma revista online sobre surf, a Salty Souls. Há três foi viver para a Austrália, prometendo a si mesma que ia aprender a surfar. O próximo passo é Portugal. Pela experiência, pelas ondas, pelo clima. Não sabe até quando. “Quem sabe para sempre”, atira.
Veio este Verão, de carrinha, aproveitando para fazer parte de um tema ainda controverso: a van life. Viveu com o mínimo, dentro de uma carrinha que preparou antes da viagem e não se arrepende. “Sei que muita gente ainda não gosta. Mas por que haveria de deitar lixo ou estragar o meu quintal?”, explica. Para ela não é tema de discussão, apesar de perceber que, “por uns fazerem asneiras, pagam todos”.
Enquanto isso, fica o mote para o blogue português. Filipa adianta que a van life será um dos focos dos próximos trabalhos do The Outside Crowd. “Até que ponto é que Portugal está disposto a receber pessoas com este estilo de vida?” é a pergunta de partida, esclarece. “E saber quem é que são estas pessoas”, completa João.