Emprego na região norte atinge o melhor valor dos últimos 15 anos

Turismo e indústria transformadora principais responsáveis pela criação de 57 mil novos empregos na região. Construção e sector primário são as únicas actividades em que o emprego não cresce.

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O desempenho da construção foi negativo, contrastando com o bom momento que o sector parece viver Manuel Roberto

O terceiro trimestre de 2017 trouxe um abrandamento ao crescimento económico em todo o país, e a região Norte não foi excepção. Mesmo assim, e de acordo com os dados revelados no último boletim Norte Conjuntura, organizado e divulgado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a região Norte conseguiu neste período a melhor taxa de emprego dos últimos quinze anos.

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O terceiro trimestre de 2017 trouxe um abrandamento ao crescimento económico em todo o país, e a região Norte não foi excepção. Mesmo assim, e de acordo com os dados revelados no último boletim Norte Conjuntura, organizado e divulgado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a região Norte conseguiu neste período a melhor taxa de emprego dos últimos quinze anos.

De acordo com a publicação trimestral, a região conseguiu empregar mais 57 mil pessoas no trimestre em termos homólogos, valor que significa uma taxa de crescimento de 3,5% e que compara com os 4,1% registados no trimestre anterior. “Apesar desta desaceleração, deve referir-se que o crescimento homólogo agora observado [da taxa de emprego] supera o melhor dos resultados do período de 1999 a 2016”, sublinha a CCDR-N. No confronto entre trimestres consecutivos, porém, o emprego na Região do Norte praticamente estagnou (variação de 0,03%), lê-se na mesma publicação. A desaceleração sentiu-se também a nível nacional, com a taxa de crescimento de emprego, em termos homólogos, a passar dos 3,4% registados no segundo trimestre de 2017 para os 3% em que se fixou no terceiro trimestre.

A taxa de emprego é medida pela população empregada com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos em percentagem da população residente do mesmo grupo etário. No caso da região Norte, este indicador atingiu o valor mais elevado dos últimos 15 anos, com 71,9%, resultado que compara com 71,6% no trimestre anterior e com 68,5% no período homólogo do ano passado. Em termos nacionais, a taxa de emprego dos 20 aos 64 anos fixou-se em 74,1% no 3.º trimestre.

O sector do turismo, e as actividades de alojamento, restauração e similares, foi aquele que deu maior impulso a estes resultados, ao conseguir empregar mais 20 mil pessoas no trimestre, equivalendo a uma variação homóloga de 29,1%. Olhar para o aumento da capacidade de alojamento dos estabelecimentos hoteleiros na região ajuda a perceber estes resultados: se no trimestre anterior essa capacidade aumentou 1,2% em termos homólogos, no terceiro trimestre esse valor subiu para os 2,7%.

Deve ainda referir-se que o mesmo aumento de 20 mil pessoas empregadas no terceiro trimestre foi conseguido pelo sector das indústrias transformadoras – mas, por causa do peso que tem na estrutura produtiva da região a taxa de variação homóloga é bem mais modesta, e fica-se pelos 4,9%.

Com alguma surpresa, sobretudo depois de tantas notícias sobre o bom momento que vive o sector da construção, constata-se neste boletim que o emprego no sector inverteu no terceiro trimestre a tendência de crescimento, e apresentou uma queda de -6,4% em termos homólogos, contrastando com os ganhos alcançados nos quatro trimestres anteriores. As maiores perdas, porem, foram registadas no sector primário, com cerca de menos 28 mil pessoas empregadas do que há um ano, o que desenha uma variação homóloga de -22,2%.

Olhando, agora, para a taxa de desemprego percebe-se que a população desempregada residente na Região do Norte, estimada pelo INE, totalizava, no 3.º trimestre de 2017, cerca de 171 mil indivíduos, o que significa aproximadamente menos 44 mil pessoas (ou -20,5%) do que no trimestre homólogo. De acordo com o boletim da CCDR-N, a descida observada na taxa de desemprego da Região do Norte ficou a dever-se exclusivamente à evolução do desemprego feminino, cuja taxa se alterou de 10,8% para 10,0%. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego masculino aumentou, de 8,2% para 8,7%.

De resto, os indicadores como o crédito ao consumo, a importação de bens ou os levantamentos e compras com cartão, demonstraram alguma desaceleração, mas mantiveram, no 3.º trimestre, uma dinâmica positiva na Região do Norte. No plano do investimento, há a registar um abrandamento do crescimento da importação de bens de capital e do número de obras licenciadas, enquanto no crédito à habitação se atenuou a tendência negativa.