Alto Comissário para os Direitos Humanos deixa o cargo com críticas ao ambiente político
Zeid Ra’ad Hussein não se recandidata a um segundo mandato pois o desinteresse das grandes potências em relação aos direitos humanos tornou a sua missão insustentável.
Zeid Ra’ad Hussein, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, não vai recandidatar-se a um segundo mandato, afirmando que as grandes potências mundiais ignoram cada vez mais as questões humanitárias e que isso está a silenciar a voz das Nações Unidas nessa matéria.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Zeid Ra’ad Hussein, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, não vai recandidatar-se a um segundo mandato, afirmando que as grandes potências mundiais ignoram cada vez mais as questões humanitárias e que isso está a silenciar a voz das Nações Unidas nessa matéria.
A informação é avançada pela revista Foreign Policy, que teve acesso a uma carta enviada por Hussein aos seus funcionários por ocasião do fim de ano, onde informa que este mandato – que termina no Verão de 2018 – será o seu último. “O próximo ano será o último do meu mandato”, escreveu. “Depois de reflectir, decidi não me candidatar a um segundo mandato de quatro anos. Fazê-lo no actual contexto geopolítico poderia implicar ter que suplicar de joelhos, silenciar a defesa de causas e diminuir a independência e integridade da minha voz – que é a vossa voz”.
Na missiva, para além de apontar a relação entre o clima político internacional e a degradação da situação global dos direitos humanos, numa crítica indirecta à Administração Trump, Zeid Ra’ad Hussein também levanta dúvidas sobre a capacidade de actuação das Nações Unidas, segundo escreve a Foreign Policy.
Hussein, membro da família real jordana, afirma que dedicará os seus últimos meses no cargo à promoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que celebra o seu 70.º aniversário em 2018.