Passos contraria Rio: PSD será sempre “relevantíssimo”
Líder social-democrata diz que 2017 foi um ano "trágico".
Num jantar de Natal do PSD em jeito de despedida do líder, Pedro Passos Coelho não foi na onda do adeus e preferiu responder a um dos candidatos à liderança do partido – Rui Rio – ao defender que o PSD “será sempre um partido relevantíssimo dentro das escolhas que o país possa fazer”.
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Num jantar de Natal do PSD em jeito de despedida do líder, Pedro Passos Coelho não foi na onda do adeus e preferiu responder a um dos candidatos à liderança do partido – Rui Rio – ao defender que o PSD “será sempre um partido relevantíssimo dentro das escolhas que o país possa fazer”.
Naquele que pode ser um dos últimos discursos de Passos Coelho enquanto líder do PSD, o social-democrata começou por lembrar que esteve oito anos à frente do partido e que isso “é muito tempo”. Por isso, admite, a decisão que tomou parece-lhe "cada vez mais acertada”. Sem nunca mostrar preferência por um dos candidatos à sua sucessão, o líder do PSD não tem dúvidas em contrariar a ideia defendida por Rui Rio de que o partido corre o risco de desaparecer, à semelhança do que aconteceu noutros países, por exemplo, ao PS francês. “Estou convencido de que o PSD será sempre um partido relevantíssimo dentro das escolhas que o país possa fazer. Foi sempre um partido que, dentro das suas lideranças, conseguiu pressentir um futuro para o país. Isso fará do PSD, em qualquer consulado, um partido importante no nosso xadrez político”, afirmou.
O jantar de Natal da bancada social-democrata desta segunda-feira à noite, no restaurante da Assembleia da República, tinha começado com os elogios do líder do grupo parlamentar, Hugo Soares, lembrando que Passos Coelho não cedeu a quem lhe pedia" ‘dispa lá o casaco de primeiro-ministro, tire lá o pin na lapela’”. Foi depois exibido um vídeo que passou em revista os anos de liderança, desde a eleição em 2010 até às medidas difíceis tomadas no Governo PSD/CDS, passando pela demissão de Paulo Portas, líder do parceiro de coligação no executivo. Mais de dez minutos de elogios, com testemunhos de deputados – um deles pediu “volte depressa” – que foram oferecidos ao líder numa pen e em CD-ROM.
Passos Coelho não se alongou nas despedidas e fez um discurso de actualidade. Primeiro falou sobre o ano que está a terminar. Para o primeiro-ministro foi “saboroso” (em referência ao contexto europeu), para o Presidente da República foi “contraditório”. Passos Coelho diz que não deixou “boas lembranças”, numa alusão às vítimas dos incêndios.
“Não tenho memória de um tão trágico quanto este se revelou”, afirmou, acrescentando que as falhas não foram resolvidas: “As falhas de Estado da tragédia são falhas que continuam a existir”. Passos Coelho deixou uma crítica implícita ao primeiro-ministro por entregar chaves de casas reconstruídas após os incêndios de Junho. “Como é que possível esquecer que uma parte significativa desse trabalho foi desenvolvido pela sociedade civil e não pelo Estado?”, questionou, referindo-se também a outra “disfunção do Estado” no caso das crianças adoptadas ilegalmente pela IURD, noticiada pela TVI. Sobre este caso, o líder do PSD pediu um “cabal esclarecimento”.