Boas sidras nossas
Quantas sidras centenárias e caseiras (as melhores) não haverá para provar no Santo da Serra? E sabem que mais? Não haja sede em vão.
Os cronistas ladram e a caravana, em vez de passar, dá-se ao trabalho de parar e explicar aos cronistas que não há razão para ladrar. E os cronistas calam-se. Eis uma história feliz que nunca acontece.
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Os cronistas ladram e a caravana, em vez de passar, dá-se ao trabalho de parar e explicar aos cronistas que não há razão para ladrar. E os cronistas calam-se. Eis uma história feliz que nunca acontece.
Aconteceu esta semana. Vim para aqui chorar que parecia impossível não haver sidras autênticas em Portugal. Porque há. Na Madeira fazem-se muitas, para consumo familiar, há muitas décadas. Na freguesia de Santo António da Serra a Mostra Regional de Sidra de 2017 – com Pisar dos Peros e tudo – foi já a vigésima-oitava, nem menos.
Escreveu-me Manuel Pita, presidente da Associação dos Produtores de Sidra da Região Autónoma da Madeira (APSCRAM), a dizer que está agora a ser registado no INPI a marca colectiva "Sidras da Madeira". Diz ele "espera-nos um longo e difícil caminho mas estamos convictos de que valerá a pena". Que nunca lhes falte essa convicção!
Quantas sidras centenárias e caseiras (as melhores) não haverá para provar no Santo da Serra? E sabem que mais? Não haja sede em vão. Aqui em Portugal continental já provei uma sidra deliciosamente seca e amaçanada feita no Bombarral pela família Clímaco Pereira. Chama-se Sidrada e é feita com maçãs Royal Gala, Reineta e Granny Smith. É 100 por cento sidra e 100 por cento maçã – e o sabor agradece. Também fazem vinagre e espumantes de sidra (seco e meio-seco). Têm site e estão no Facebook: recomendo-os absolutamente e auguro-lhes um futuro brilhante.
Foi a melhor maneira de calar o ladrar do cronista: dando-lhe sidra para beber.