Estrangeiros com autorização de residência para investigação aumentaram oito vezes em cinco anos

"Desde 2008, Portugal tem vindo a alterar os seus perfis de imigração, atraindo e/ou reforçando novos perfis de imigrantes", referem as conclusões do relatório Indicadores de Integração de Imigrantes 2017.

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Concessão de vistos de residência para reformados também ganhou expressão Nelson Garrido

O número de estrangeiros com autorização de residência em Portugal para "actividade de investigação ou altamente qualificada" aumentou oito vezes entre 2011 e 2016, revelam as conclusões de um relatório do Observatório das Migrações.

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O número de estrangeiros com autorização de residência em Portugal para "actividade de investigação ou altamente qualificada" aumentou oito vezes entre 2011 e 2016, revelam as conclusões de um relatório do Observatório das Migrações.

"Desde 2008, Portugal tem vindo a alterar os seus perfis de imigração, atraindo e/ou reforçando novos perfis de imigrantes", referem as conclusões do relatório Indicadores de Integração de Imigrantes 2017, do Observatório das Migrações.

Segundo os dados, os títulos de autorizações de residência que mais cresceram, desde 2010, foram para actividade independente, que passaram de 174 em 2011, para 2528 em 2016 (mais 6% face a 2015), e para actividade de investigação ou altamente qualificada (334 em 2011, 2816 em 2016).

Aumentaram também as autorizações de residência para investimento (de zero em 2011, para 4310 em 2016, mais 20,5% face a 2015) e para actividade profissional subordinada (de 7501 em 2011 para 19.065 em 2016, ainda que menos 14% face a 2015).

Estudo e reagrupamento familiar

"Se até meados da década passada as principais razões de entrada ou de solicitação de entrada no país eram de natureza laboral (para exercício de uma actividade subordinada principalmente), nos últimos anos, também por força da situação da economia portuguesa e do decréscimo das oportunidades de trabalho nos sectores económicos onde os imigrantes tendiam a inserir-se, os fluxos de entrada passaram a estar associados principalmente ao estudo e ao reagrupamento familiar", sublinha o documento.

A análise dos vistos de residência atribuídos nos postos consulares em 2015 e 2016 mostra a prevalência dos vistos associados ao estudo e ao reagrupamento familiar.

"Em 2015 estes dois tipos de vistos representaram em conjunto 65,3% do total de vistos, repetindo-se a tendência no ano de 2016, representando 67,8% do total de vistos", referem os dados que vão ser apresentados nas Jornadas do Observatório das Migrações nesta segunda-feira, Dia Internacional da Migrações.

Tem vindo também a observar-se um aumento do número de concessão de vistos de residência para reformados (representando 8,1% e 11,9% do total de vistos em 2015 e 2016, respectivamente).

Feminização da imigração

Relativamente às características sociodemográficas dos imigrantes residentes em Portugal, o documento mostra que se mantêm concentrados principalmente nas zonas urbanas do litoral, assumindo maiores impactos no total de residentes de cada município nos municípios do Algarve.

Mantém-se igualmente a tendência verificada desde o início da presente década de feminização da imigração em Portugal, assumindo as mulheres maior importância relativa no total de estrangeiros residentes.

A estrutura das dez nacionalidades estrangeiras mais representativas em Portugal sofreu algumas alterações, associadas ao aumento de nacionais de alguns países da União Europeia e da Ásia, e à diminuição de algumas nacionalidades dos Países Africanos de Língua Oficial portuguesa.

A população estrangeira residente continua a ser tendencialmente mais jovem do que a portuguesa, concentrando-se nos grupos etários mais jovens e em idades activas.

Em 2015 e 2016, os "inúmeros indicadores continuam a mostrar os contributos positivos dos imigrantes para a demografia portuguesa".