Eleições no Zimbabwe podem acontecer já em Março, sugere novo Presidente
Emmerson Mnangagwa cofirmado como novo líder e candidato pelo congresso extraordinário da Zanu-PF. Credibilizar o país é o novo desafio.
O novo Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa foi confirmado como líder do partido Zanu-PF e nomeado o candidato às próximas eleições, que se espera que sejam convocadas para fim de Julho de 2018 - mas que podem até ser já em Março, disse Mnangagwa.
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O novo Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa foi confirmado como líder do partido Zanu-PF e nomeado o candidato às próximas eleições, que se espera que sejam convocadas para fim de Julho de 2018 - mas que podem até ser já em Março, disse Mnangagwa.
"A democracia exige que, enquanto partido, a Zanu-PF dispute eleições sempre em oposição a outros partidos em eleições que devem ser credíveis, livres, justas e transparentes", afirmou Emmerson Mnangagwa aos seis mil delegados ao congresso em Harare. O Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento Africano declararam que qualquer apoio ao novo Governo para estabilizar a moeda depende de provas de "progresso democrático."
Foi confirmado o afastamento de Robert Mugabe da presidência, após 37 anos no poder, e expulsa a mulher deste, Grace Mugabe.
Depois de um golpe que afastou o quase eterno líder do Zimbabwe, Robert Mugabe, no mês passado, o novo Presidente, Emmerson Mnangagwa, está a tentar melhorar a imagem internacional do Zimbabwe – para conseguir melhorar a economia. A taxa de desemprego ronda hoje os 80%.
No congresso do partido Zanu-PF, o Presidente Mnangagwa, de 75 anos, ex-companheiro de luta de Mugabe e seu vice-presidente, disse que se o partido quer vencer as eleições do próximo ano vai ter mesmo de conseguir melhorias económicas.
Mnangagwa pediu o fim “incondicional” das sanções internacionais em vigor contra o Zimbabwe, anunciou uma janela de amnistia para que quem tivesse dinheiro fora do país ilegalmente o trouxesse de volta (ou arriscaria processos judiciais).
Fim da ocupação de terras
E, no que pode ser um passo para melhorar a imagem internacional do país, o ministro da Agricultura pediu a quem tivesse ocupado explorações agrícolas sem autorização para se retirar, abrindo a porta a um possível regresso de muitos fazendeiros brancos expulsos das suas quintas – as invasões e expropriações foram apoiadas por Mugabe, que as apresentava como essenciais para corrigir desigualdades e injustiças do tempo colonial.
Esta questão mexeu não só com questões emocionais, como económicas – houve casos de invasões e expropriações até a meio de colheitas. Muitas vezes os novos proprietários não tinham formação em agricultura e o sector agrícola do Zimbabwe, um dos fundamentais no país, caiu numa espiral descendente, contribuindo para uma descida do PIB para cerca de metade entre 2000 e 2008.
Foi justamente em 2008 que Mugabe perdeu a primeira volta das presidenciais para a oposição e levou a cabo uma violenta campanha para vencer a segunda volta. As eleições terminaram com um governo de unidade nacional, uma aliança entre Mugabe e o seu principal adversário, Morgan Tsvangirai. Com o fim de muitas das sanções pela constituição deste Governo, a economia melhorou, e Mugabe ficou com os louros, vencendo as eleições seguintes.
Mnangagwa foi durante décadas muito próximo de Mugabe, mas este acabou por o afastar na sequência de uma luta de poder entre a facção do antigo combatente e a facção liderada pela mulher de Mugabe, Grace: dias depois, os militares pressionavam a demissão de Mugabe; Mnangagwa, que tinha saído do país, regressava, e tornava-se claro quem tinha, afinal, vencido. Os militares continuam nas ruas e várias organizações do país pedem para uma normalização antes das eleições, sob pena de estas não serem livres nem justas.
Parece já claro que a estratégia de Mnangagwa – que vários analistas dizem ser relativamente bem visto pela comunidade internacional, mas que tem o desafio de enfrentar eleições depois de um golpe militar que afastou o líder e fundador do partido – é apresentar-se como diferente do seu antecessor.
“Percebemos que o isolamento não é maravilhoso nem viável; há mais a ganhar com parceiras com benefícios mútuos”, disse num encontro do comité central do partido. “Pedimos assim o levantamento das sanções que têm impedido o nosso desenvolvimento nacional.”