“Harvey Weinstein também é o meu monstro”, denuncia actriz Salma Hayek

Actriz relata os avanços sexuais do produtor, a violência psicológica e a chantagem que sofreu na sequência das suas recusas.

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A actriz Salma Hayek Reuters/MARIO ANZUONI

Foi a vez de Salma Hayek. Num texto que escreveu para o jornal norte-americano New York Times, a actriz relata a forma como foi assediada, psicologicamente violentada e chantageada por Harvey Weinstein, o consagrado produtor de Hollywood, que foi já acusado por mais de 20 mulheres de abuso sexual. O ex-produtor já veio a público refutar as declarações da actriz.

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Foi a vez de Salma Hayek. Num texto que escreveu para o jornal norte-americano New York Times, a actriz relata a forma como foi assediada, psicologicamente violentada e chantageada por Harvey Weinstein, o consagrado produtor de Hollywood, que foi já acusado por mais de 20 mulheres de abuso sexual. O ex-produtor já veio a público refutar as declarações da actriz.

“Harvey Weinstein também é o meu monstro”, é o título do artigo da autoria de Hayek. A actriz e produtora mexicana diz que desde que começou a colaborar com Weinstein, no início da sua carreira e na produção do filme Frida, que se estreou em 2002, teve de dizer não muitas vezes. “Não a tomar banho com ele. Não a deixá-lo ver-me a tomar banho. Não a deixá-lo fazer-me massagens. Não a deixar um amigo dele fazer-me massagens todo nu. Não a deixá-lo fazer-me sexo oral. Não a despir-me com outra mulher”, escreve.

Hayek começa por dizer que durante anos “escondeu a responsabilidade” de contar o que se passou, mas, perante a onda de acusações contra Weinstein, teve de confrontar a sua “cobardia” e denunciar publicamente o assédio de que foi alvo.

A actriz recorda como começou a colaborar com Weinstein para produzir Frida, o que na altura considerou um “sonho”. No entanto, perante a sua recusa ante os avanços sexuais do influente produtor, a mexicana teve de enfrentar uma “fúria maquiavélica” de Harvey Weinstein, que chegou a ameaçá-la: “Eu mato-te, não julgues que não posso [matar-te].”

Hayek especula mesmo, e numa altura em que estava a dar os primeiros passos em Hollywood, se a sua amizade com o realizador Robert Rodriguez, a produtora Elizabeth Avellan – que era na altura mulher de Weinstein –, com Quentin Tarantino e com George Clooney não terá sido o que a “salvou de ser violada”.

“Eu penso que ele não odiava nada mais do que a palavra ‘não’”, continua, lembrando a reacção do produtor perante o falhanço dos seus avanços sexuais. Entre as várias retaliações, Weinstein exigiu que ela demitisse o seu agente, arrastou-a da gala do Festival de Veneza para uma festa privada com prostitutas “altamente bem pagas” (algo que veio a descobrir tempos depois), tarefas profissionais num prazo impossível ou cenas de sexo com outra mulher – “e ele exigiu nudez frontal total”. Muitas destas exigências eram acompanhadas da ameaça do fim da produção de Frida.

Sobre a cena de sexo com outra actriz Hayek conta que teve o único esgotamento nervoso na sua vida quando chegou a altura de filmar: “Não era porque estaria nua com outra mulher. Era porque eu estaria nua à frente dela por Harvey Weinstein.”

Entre as mulheres que denunciaram o comportamento de Weinstein nos últimos meses, iniciando uma onda de acusações que abrangeu vários sectores, da política ao jornalismo, estão Ashley Judd, autora da primeira denúncia, Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow.