Direita responsabiliza PCP e BE por conflito na Autoeuropa
CDS-PP escolheu o tema da Autoeuropa para a sua declaração política em plenário. Esquerda atira as culpas para a administração da fábrica e para a legislação laboral aprovada pelo anterior Governo PSD/CDS
O CDS-PP apelou ao Governo para escolher "o interesse nacional" em vez dos "interesses de PCP e BE" na questão da Autoeuropa, acusando os dois partidos de instrumentalizarem os sindicatos, mas bloquistas e comunistas responsabilizam a administração da empresa.
"Sr. ministro da Economia, esteja onde estiver, sr. ministro do Trabalho, sr. primeiro-ministro, que sempre que há más notícias prefere estar longe e ao largo, - entre o interesse de Portugal e os interesses do PCP e do BE escolham sempre o interesse nacional", apelou o deputado Pedro Mota Soares.
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O CDS-PP apelou ao Governo para escolher "o interesse nacional" em vez dos "interesses de PCP e BE" na questão da Autoeuropa, acusando os dois partidos de instrumentalizarem os sindicatos, mas bloquistas e comunistas responsabilizam a administração da empresa.
"Sr. ministro da Economia, esteja onde estiver, sr. ministro do Trabalho, sr. primeiro-ministro, que sempre que há más notícias prefere estar longe e ao largo, - entre o interesse de Portugal e os interesses do PCP e do BE escolham sempre o interesse nacional", apelou o deputado Pedro Mota Soares.
O deputado do CDS e antigo ministro do Trabalho responsabilizou PCP e BE por uma "guerrilha político-partidária que põe à frente do interesse nacional interesses internos", pedindo-lhes que "não instrumentalizem uma empresa e os seus trabalhadores".
Bruno Dias, pelo PCP, qualificou a declaração política dos centristas como uma "lamentável provocação" aos trabalhadores: "Está a falar de autómatos ou de homens e mulheres livres que decidem por si?" "O que mudou na Autoeuropa foi a atitude da administração", contrapôs, argumentando que a defesa da produção não passa pela negação de direitos, nem pelos "trabalhadores deixarem de ver os filhos", numa referência às alterações de horários.
Também Joana Mortágua, do BE, defendeu que a administração da Autoeuropa está a servir-se do Código do Trabalho aprovado no anterior governo para "impor mudanças de horários unilaterais". "O Código do Trabalho que ajudaram a construir está a matar o diálogo na Autoeuropa", acusou.
A social-democrata Mercês Borges alinhou com Mota Soares, dirigindo-se a PCP e BE: "Se um dia os sindicatos que os senhores tão bem orientam levarem aquela fábrica ao extremo, sabem que a consequência vai ser de novo um distrito de miséria, de pobreza, de bandeiras negras."
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa rejeitou na terça-feira a decisão da administração de avançar unilateralmente com novo horário de produção a partir de finais de Janeiro e convocou plenários para dia 20 de Dezembro.
A administração tinha comunicado a intenção de avançar unilateralmente, em finais de Janeiro, com um novo horário de produção de 17 turnos semanais, face à rejeição de dois pré-acordos negociados previamente com a CT. Embora se trate de um acordo imposto unilateralmente, a administração da Autoeuropa promete pagar os sábados a 100%, equivalente ao pagamento como trabalho extraordinário, que era uma das principais reivindicações dos trabalhadores. Este pagamento dos sábados a 100% poderá ainda ser acrescido de mais 25%, caso sejam cumpridos os objectivos de produção trimestrais.
A CT reiterou que "este modelo de horário e as suas condições são mais desfavoráveis e contrariam a vontade expressa pela maioria dos trabalhadores". O novo horário, que entrará em vigor em finais de Janeiro, deverá vigorar até ao mês de Agosto de 2018. A Autoeuropa promete discutir o período após Agosto com a Comissão de Trabalhadores. Os novos horários de laboração contínua prevêem quatro fins-de-semana completos e mais um período de dois dias consecutivos de folga em cada dois meses para cada trabalhador.