Os videojogos também podem ser receitados pelo médico
Um grupo de seis alunos do Instituto Técnico de Lisboa criou um projecto para complementar a recuperação motora, com recurso a exercícios transformados em jogos de consola
A recuperação física não tem de estar confinada a quatro paredes, com o paciente fechado num hospital ou numa clínica com um fisioterapeuta. Os exercícios podem transformar-se num videojogo, com diferentes cenários e ferramentas para a evolução do "jogador". Jogar para melhorar a reabilitação motora? Sim, é precisamente isso, garantem os alunos do Instituto Técnico de Lisboa.
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A recuperação física não tem de estar confinada a quatro paredes, com o paciente fechado num hospital ou numa clínica com um fisioterapeuta. Os exercícios podem transformar-se num videojogo, com diferentes cenários e ferramentas para a evolução do "jogador". Jogar para melhorar a reabilitação motora? Sim, é precisamente isso, garantem os alunos do Instituto Técnico de Lisboa.
“A finalidade é melhorar a qualidade de vida dos pacientes que passam por um processo de reabilitação física”, explica Joana Pinto, aluna do quinto ano de Engenharia Biómedica e gestora do projecto InMotion, que está a finalizar este videojogo terapêutico. A ideia surgiu de um trabalho de faculdade a que foi dado continuidade na Junitec (Júnior Empresa do Instituto Superior Técnico) por um grupo de seis alunos de engenharias Biomédica, Electrónica e Informática. Juntos criaram um modelo de fisioterapia que complementa o trabalho desenvolvido junto do profissional de saúde.
Construíram uma ponte entre a tecnologia, a engenharia e a medicina, por forma a tornar a reabilitação menos rotineira e monótona. No fundo, funciona como uma consola Wii, com exercícios adequados a cada articulação, sempre inserido em contextos lúdicos. Podemos ter uma flecha no ecrã para acertar no alvo ou desenhar uma pintura abstracta com os movimentos. Os cenários também variam entre a natureza, um ambiente desportivo ou um local mais calmo. “Queremos também retirar alguma da conotação negativa que pode ser atribuída à reabilitação”, explica Joana Pinto.
Os pacientes podem ter uma nova forma de melhorar a condição física, aumentando também a motivação de recuperar. Além disso, os resultados serão mais concretos e sem tempo limitado, como as consultas médicas. Este pode ser também um recurso útil para profissionais de saúde, garantindo que existem formas de os pacientes treinarem ou fazerem outros exercícios fora da clínica ou do hospital.
E não só. Este projecto tem, além dos exercícios em formato de videojogo, uma câmara de profundidade — semelhante à usada pela Xbox —, que permite medir e monitorizar objectivamente a evolução do “jogador”, além de enviar estes dados para o médico ou fisioterapeuta, oferecendo novos índices de avaliação.
Até ao momento, o jogo terapêutico está a ser desenvolvido para a articulação do ombro. No entanto, Joana Pinto garante que “pode ser criado para todas as outras articulações”. E não falta muito para que a nova ferramenta possa ganhar vida. Os jogos estão todos operacionais, faltando apenas uniformizar o design para que o InMotion possa ser apresentado por estes seis alunos do Técnico.
O grupo partiu do conceito de gamification, a técnica de transformar e complementar outras áreas através de jogos, para chegar até aqui, criando um instrumento que, de acordo com a responsável do projecto, pode representar um complemento importante para a fisioterapia.
Afinal, os únicos monstros da reabilitação física podem estar apenas no ecrã da televisão.