Caso da Raríssimas "não pode manchar" trabalho de outras instituições

Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa diz que "um caso que corre mal faz parte da vida", e que o escândalo da gestão da Raríssimas não pode colocar em causa o trabalho das instituições do solidariedade social.

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Maria Manuel Leitão Marques falou aos jornalistas em Viseu Nuno Ferreira Santos

A ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, considerou hoje que a polémica em torno da associação Raríssimas "não pode manchar" o trabalho das instituições de solidariedade social que resolvem problemas sociais de norte a sul do país.

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A ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, considerou hoje que a polémica em torno da associação Raríssimas "não pode manchar" o trabalho das instituições de solidariedade social que resolvem problemas sociais de norte a sul do país.

"Um caso que corre mal faz parte da vida. Deve ser apreciado, devem ser tomadas as devidas consequências, mas não pode lançar uma mancha sobre o trabalho de todas as outras instituições", afirmou Maria Manuel Leitão Marques aos jornalistas, em Viseu, onde hoje inaugurou a Residência de Autónomos da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM).

A Procuradoria-Geral da Republica (PGR) informou hoje que o Ministério Público está a investigar a Raríssimas, após ter recebido uma denúncia anónima relativa a alegadas irregularidades na gestão financeira e ao uso indevido de dinheiros desta associação pela sua presidente.

Na sequência desse caso, Maria Manuel Leitão Marques defendeu que as instituições de solidariedade social devem continuar a ser ajudadas, mas também fiscalizadas.

"Se as pessoas são associadas devem participar nas associações, devem pedir contas. As contas devem ser transparentes, devem verificá-las, isso faz parte, é um trabalho associativo, da sociedade", frisou.

Na opinião da ministra, "a sociedade deve envolver-se não apenas a contribuir, mas também a fiscalizar o que é feito com as suas contribuições", tal como "o Estado também deve fiscalizar as instituições que apoia".

"Quem recebe ajudas tem obrigações de prestar contas. Não podemos é pensar que um caso que corre mal significa que todas as outras associações sofrem do mesmo problema", frisou.

A governante exemplificou com o bom trabalho realizado pela APPACDM de Viseu, que tem a funcionar, a partir de hoje, no centro da cidade, uma casa onde cinco jovens vão viver de forma autónoma.

A ministra admitiu que soluções como esta, que não são tão frequentes como gostaria, "adaptam-se àquelas pessoas que, apesar de precisarem de um apoio especial, estão autónomas".

"É uma solução interessante, intermédia, entre pessoas que precisam de apoio, mas podem estar autónomas e não têm que ter um apoio tão permanente como outras que vivem noutro tipo de instituições desta mesma associação", explicou.

O presidente da APPACDM de Viseu, António Lemos, contou que se trata de um projecto que vinha sendo amadurecido ao longo de vários anos.

"É um passo de gigante que nós damos para estas pessoas", frisou. 

António Lemos aproveitou para pedir ao diretor da Segurança Social que "abra o almejado acordo de cooperação para a residência de autónomos" e ao presidente da Câmara que ajude a pagar os gastos de "dezenas de milhares de euros" que a APPACDM teve para remodelar o apartamento.

O presidente da Câmara, Almeida Henriques, comprometeu-se a pagar 50% dos custos e desafiou o Governo a pagar os restantes, por entender que instituições como a APPACDM devem ser ajudados numa lógica de complementaridade.