Há uma barbearia nos Açores onde o cliente paga o que quiser
João Rocha e Sílvia Vilaverde são os anfitriões de uma nova barbearia em São Miguel onde cada cliente paga o que acha justo. Só em Janeiro haverá preços tabelados
Abriu no começo do mês e até ao final do ano não há preços tabelados e cada cliente paga o que achar justo. Ponta Delgada, nos Açores, tem uma nova barbearia que recria o ambiente de décadas passadas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Abriu no começo do mês e até ao final do ano não há preços tabelados e cada cliente paga o que achar justo. Ponta Delgada, nos Açores, tem uma nova barbearia que recria o ambiente de décadas passadas.
João Rocha e Sílvia Vilaverde são barbeiros e anfitriões desta nova barbershop, que abriu há uma semana, com muito sucesso. "Não era de todo o que estávamos à espera para já, talvez só daqui a uns três meses", começa por contar João Rocha, 32 anos, natural da Terceira e dono de uma barbearia nesta ilha. O jovem decidiu arriscar e abrir um novo espaço em São Miguel — razão pela qual os clientes da sua ilha o querem "matar", diz entre risos. "Uso as redes sociais para divulgar as datas em que estou em São Miguel e na Terceira", conta, em declarações à Lusa.
João Rocha estudou e trabalhou em Londres, Las Vegas, Florença, Milão, Dubai ou Escócia. No pequeno mas moderno espaço, situado em pleno centro de Ponta Delgada, há várias distinções. Um deles o prémio de melhor corte em barba atribuído a Sílvia, de 33 anos, nascida em Arcos de Valdevez e habitante bem recente na ilha de São Miguel. "Então mas este não é um mundo quase só de homens?", pergunta-se. "Sempre foi o que quis fazer", responde. E os Açores? "Muita trovoada, muita chuva, mas está-se bem", acrescenta.
Na loja há vários produtos à venda, com as ceras em destaque, para recriar os penteados das décadas entre 1920 e 1960. Há quatro anos, quando João se formou, "ninguém queria ser barbeiro, era uma profissão que estava a cair em desuso". Chegou a ter aulas em que era o único aluno e isso, diz, levou-o a encarar com maior profissionalismo e determinação o seu futuro. "Chegava a casa à noite e queria saber mais, aparecia um corte novo e queria aprender como se fazia", partilha. E remata, sem hesitações e perante o aval de um cliente: "Atendo cada cliente como se fosse uma estrela".
A ideia de arrancar a nova barbearia sem preços tabelados passa por traçar um perfil e uma média de valores para em Janeiro, então, ser definida uma política de preços. Até lá, o desafio é que cada cliente pague o que possa e o que ache justo. "Tenho um cliente que vai de São Jorge de propósito à Terceira para cortar o cabelo", diz João. A boa notícia para este cliente é que tem mais uma ilha onde pode visitar o seu barbeiro; a má é que ainda não foi desta que a Terceira recebeu a abertura de um espaço do género, numa altura de fascínio global pelas barbearias antigas.