Rahul Gandhi eleito presidente do Partido do Congresso

"Todo o país tem muita expectativa em relação a Rahul Gandhi", disse um alto dirigente do partido sobre as eleições de 2019.

Fotogaleria

O Partido do Congresso, maior fora política da oposição na Índia, elegeu Rahul Gandhi, o herdeiro da mais famosa dinastia política do país, como seu presidente, preparando-se para desafiar o domínio do partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi nas eleições gerais de 2019.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Partido do Congresso, maior fora política da oposição na Índia, elegeu Rahul Gandhi, o herdeiro da mais famosa dinastia política do país, como seu presidente, preparando-se para desafiar o domínio do partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi nas eleições gerais de 2019.

Era uma mudança esperada há muito. Rahul Gandhi é o bisneto do primeiro chefe de governo da Índia, Jawaharlal Nehru. Era o único candidato ao lugar, onde sucede à mãe, Sonia, que dirigia o partido desde 1998 (sete anos depois do assassínio do marido, Rajiv Ganhi).

Considerando que se trata de um "momento histórico", o Congresso anunciou que Rahul será presidente a partir de 16 de Dezembro. As televisões mostraram imagens dos apoiantes a celebraram nas ruas em frente da sede do partido em Nova Deli e no bairro financeiro de Bombaim.

A ascensão de Rahul Gandhi coincide com as eleições no estado natal de Modi, o Gujarat, que estão a ser consideradas um teste ao desempenho do primeiro-ministro, que enfrenta duras críticas devido ao lento crescimento económico e às desigualdades fiscais.

O Congresso espera ter bons resultados numa série de eleições estaduais que se aproximam, de forma a galvanizar o partido e o próprio Gandhi.

Modi classificou Gandhi como um "príncipe" que não merecia o lugar que lhe foi dado na política indiana - a caracterização teve eco nas eleições de 2014, quando Modi foi eleito e o Congresso teve o seu pior resultado de sempre.

Desde que se tornou independente do Reino Unido, a Índia foi governada quase em exclusivo pela dinastia Nehru-Gandhi. O pai de Rahul e a sua avó, Indira Gandhi, também foram primeiro-ministros - ambos foram assassinados.

Depois da derrota do Congresso nas eleições de 1994, Gandhi lutou para convencer os eleitores, e muitos dentro do partido, de que tem aptidões de líder. O líder do partido no parlamento, o político veterano Ghulam Nabi Azad, diz que Rahul está, agora, pronto para o próximo desafio.

"Todo o país tem muita expectativa em relação a Rahul Gandhi, diz Azad. "Muito antes de ser eleito, ele já tinha mostrado a sua garra. Ele sabe quais são as suas responsabilidades".

O Partido Bharatiya Janata, de Modi, desvalorizou a eleição de Gandhi, dizendo que se tornou presidente com base no "princípio dinástico".

"A nova Índia não aceita o princípio dinástico e o carácter da família do Congresso não tem qualquer poder de atracção", disse o porta-voz do BJP, Narasimha Rao.

Gandhi, até agora vice-presidente, é considerado candidato a primeiro-ministro se o partido regressar ao poder.

O político de 47 anos tem aumentado as críticas à governação de Modi, numa estratégia para mudar a percepção negativa que a opinião pública tem de si por fazer parte da dinastia política.

Mas já tomou algumas decisões erradas. Em 2015, por exemplo, pediu uma licença de dois meses, o que levou o partido de Modi a acusá-lo de tirar "férias" durante o período legislativo.

Modi ainda é mais popular do que Gandhi nas sondagens. Quase nove em cada dez indianos têm uma opinião favorável sobre o primeiro-ministro e dois terços estão satisfeitos com o rumo que traçou para o país, aponta uma sodagem do instituto Pew realizada em Novembro.