Embaixadora dos EUA na ONU diz que mulheres que acusam Trump “devem ser ouvidas”

Nikki Haley escusa-se a dizer se as acusações de assédio sexual de que o Presidente foi alvo durante a campanha para as presidenciais estão sanadas.

Foto
Haley é vista como uma estrela em ascensão no Partido Republicano Reuters/Kevin Lamarque

Nikki Haley, a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, defendeu que as mulheres que acusam Donald Trump de assédio sexual “devem ser ouvidas”. Mas não tornou claro se considera que já foram ouvidas e a questão resolvida, ou se agora que o Presidente até disse que uma gravação com a sua voz é falsa devem ser ouvidas de novo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Nikki Haley, a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, defendeu que as mulheres que acusam Donald Trump de assédio sexual “devem ser ouvidas”. Mas não tornou claro se considera que já foram ouvidas e a questão resolvida, ou se agora que o Presidente até disse que uma gravação com a sua voz é falsa devem ser ouvidas de novo.

“Acho que as escutámos antes das eleições. E penso que qualquer mulher que se sentiu violada ou se sentiu maltratada de alguma forma tem todo o direito de falar”, acrescentou Nikki Haley, no programa Face the Nation, da CBS, no domingo.

O facto de os eleitores terem escolhido Donald Trump como Presidente chegou para resolver o assunto? “Isso não me compete a mim decidir”, respondeu Haley. “As mulheres devem ser ouvidas e deve-se lidar com as questões que colocam. Acho que as ouvimos antes das eleições e ele foi eleito”, afirmou.

“As mulheres devem sempre sentir-se à vontade para poderem revelar o que sofreram. E devemos sempre estar disponíveis para ouvi-las”, disse a embaixadora na ONU dos Estados Unidos.

A declaração de uma das raras mulheres num cargo de topo na Administração Trump tem algo de surpreendente, pois rompe as fileiras cerradas de apoio incontestado ao Presidente. 

As denúncias de abusos cometidos por homens poderosos, começaram em Hollywood, passaram para os media e já estão a atingir  figuras da política. Na semana passada, levaram à demissão de dois membros do Partido Democrata (o congressista John Conyers e o senador Al Franken) e um do Partido Republicano (o congressista Trent Franks), todos acusados de condutas impróprias.

“Tenho muito orgulho nas mulheres que avançaram. Estou orgulhosa da sua força. Estou orgulhosa da sua coragem. Penso que vai iniciar-se a consciencialização para a situação não só dos políticos, mas também, como vimos, em Hollywood e em todas as indústrias. Acho que chegou a hora”, afirmou a embaixadora. 

Com o movimento #MeToo, desencadeado sobretudo após as denúncias relativas ao produtor de Hollywood Harvey Weinstein, algumas das mulheres que tinham acusado Trump de assédio sexual durante a campanha eleitoral expressaram a intenção de voltar a trazer o seu caso a lume. Três delas vão ser entrevistadas na NBC esta segunda-feira.

Haley é vista há alguns anos como uma estrela em ascensão no Partido Republicano, tendo sido apontada como uma potencial candidata presidencial. Inicialmente crítica de Trump, acabou por aceitar o convite para o cargo de embaixadora dos EUA nas Nações Unidas.

Face aos crescentes rumores de que o secretário de Estado, Rex Tillerson, está de saída, Haley tem sido mencionada como uma possível sucessora de Tillerson na chefia da diplomacia norte-americana – embora mais recentemente tenha sido ultrapassada nas preferências pelo director da CIA, Mike Pompeo.