Cuidados a ter quando vai pedir um empréstimo

Saber diferenciar TAN, TAEG e MTIC, escolher taxa fixa ou variável e verificar as consequências da escolha dos prazos são apenas algumas das cautelas a ter na contratação de um crédito ao consumo

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É fácil conhecer a sua situação de crédito através da Central da Responsabilidade de Crédito, disponível no Banco de Portugal NFS - NUNO FERREIRA SANTOS

Contratar um crédito ao consumo de forma consciente obriga à superação de vários obstáculos, que, no entanto, são muito importantes para o cliente perceber, em rigor, o que vai efectivamente pagar e não ter outras surpresas desagradáveis. Aqui ficam alguns cuidados a ter.

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Contratar um crédito ao consumo de forma consciente obriga à superação de vários obstáculos, que, no entanto, são muito importantes para o cliente perceber, em rigor, o que vai efectivamente pagar e não ter outras surpresas desagradáveis. Aqui ficam alguns cuidados a ter.

Conhecer a diferença entre TAN, TAEG e MTIC. Parece confuso, mas não é assim tão complicado. A TAN – Taxa Anual Nominal reflecte a taxa de juro sem outros encargos. Não a valorize muito, a não ser que o empréstimo não tenha qualquer outro encargo, o que é díficil de encontrar. Concentre-se na TAEG - Taxa Anual de Encargos Efectiva Geral, que está habitualmente um pouco escondida, ou não é logo apresentada, e que reflecte os custos associados ao empréstimo, como abertura de dossier, pagamento da mensalidade, seguros (quando existam), entre outros. Esta é a taxa que deve usar quando está a comparar ofertas de crédito, isto porque há instituições financeiras que oferecem uma TAN simpática e depois “engordam” a TAEG. Há ainda o MTIC, ou Montante Total Imputado ao Consumidor, para que deve olhar, mas prevenido de que vai apanhar um susto. É que o MTIC corresponde ao custo total do empréstimo, ou seja, à soma do montante do empréstimo e dos respectivos juros, comissões, impostos, seguros e outros encargos. Num exercício teórico, é com o cálculo do MTIC que verifica que um empréstimo para a compra de automóvel de 25 mil euros, em 10 anos, vai custar 40 mil euros no final. O MTIC não é calculado para cartões de crédito, porque o saldo em dívida não é fixo.  

Distiguir entre taxa de juro fixa ou variável – A taxa fixa, como a utilizada nos cartões de crédito não sofre variações. A taxa variável, usada em alguns contratos de crédito ao consumo, está associada à taxa Euribor, um indexando que está sujeito a variações de mercado.

O que são as taxas máximas – São taxas fixadas pelo Banco de Portugal e não podem ser ultrapassadas pelas entidades financeiras. São fixadas trimestralmente, mas só se aplicam a novos contratos. Assim, há contratos antigos, nomeadamente nos cartões de Crédito, com taxas mais elevadas que devem, se o banco aceitar, ser renegociadas.

Os prazos dos empréstimos são importantes – Quanto maior for o prazo, maior será o encargos com juros e maior a vulnerabilidade do cliente em relação a alterações na sua situação profissional. O MTIC varia muito em função do prazo de pagamento.

Cuidados a ter nos cartões de crédito – Uma mão cheia deles. Depois de saber qual qual é a TAEG aplicada, é importante pagar o saldo das compras a 100% e de forma automática (deve estar fixada no contrato). Se não for possível, opte pelo fraccionamento em percentagem o mais elevadas possível. Se aceitar pagar pequenas percentagens, como 5% ou 10%, o saldo vai entrar num ciclo vicioso em que vai pagar juros muito elevados (actualmente de cerca de 16%) sobre o montante em dívida, e arrastar o seu pagamento por tempo indeterminado. Veja ainda todas as penalizações que incorre no caso de falha de pagamento de mensalidade, como juros de mora (3%) e outros encargos cobrados pela instituição financeira a título de recuperação da prestação, que não pode exceder os 4%. Estes custos somam à taxa contratada. Atenção ao valor da anuidade do cartão, se existir e ao custo de levantamento de dinheiro a crédito (cash-advance), que é habitualmente elevado.

E como saber quantos empréstimos tem? É fácil conhecer a sua situação através da Central da Responsabilidade de Crédito, disponível no Banco de Portugal, a que pode aceder com o número de contribuinte e a senha de entrada no Portal das Finanças.