V. Setúbal foi arrastado pela tempestade Aboubakar

Avançado camaronês assinou um hat-trick e Marega redimiu-se dos falhanços recentes com um bis que devolveu o comando do campeonato ao FC Porto.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Acossado pelos rivais, o FC Porto mostrou-se imune aos números apresentados por Sporting e Benfica na véspera e deu a resposta que se impunha, na 14.ª jornada da Liga, com uma autoridade inusitada (0-5), perante um V. Setúbal montado para resistir, mas incapaz de reagir às adversidades que o jogo lhe reservou.

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Acossado pelos rivais, o FC Porto mostrou-se imune aos números apresentados por Sporting e Benfica na véspera e deu a resposta que se impunha, na 14.ª jornada da Liga, com uma autoridade inusitada (0-5), perante um V. Setúbal montado para resistir, mas incapaz de reagir às adversidades que o jogo lhe reservou.

Apesar de entrar em campo pressionado pelos triunfos alcançados na Luz e no Bessa, Sérgio Conceição foi bem claro na mensagem que passou para o grupo e até para fora, deixando o defesa-central Felipe (expulso frente ao Mónaco) no banco, por troca com Diego Reyes. Depois do episódio com Casillas, o treinador voltou a mostrar que o estatuto não inibe as decisões técnicas. A outra alteração introduzida neste jogo de alto risco foi a aposta na sociedade Pereira no corredor direito: com Maxi a lateral e Ricardo a extremo, sempre à procura da vertigem que conduziu os portistas à vitória sobre um adversário cínico.

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José Couceiro preparara, sem hesitar, uma estratégia que acabou por surpreender pela aposta no reforço defensivo, com o central Sandro a formar um trio com Pedro Pinto e Vasco Fernandes, o que, apesar de tudo, não concedia muita liberdade a Costinha e a Nuno Pinto, sempre de prevenção para os corredores. Apesar do posicionamento aparentemente cauteloso do V. Setúbal, o FC Porto acabou por encontrar um adversário atrevido, com João Amaral e Edinho a criarem alguns problemas e a construírem mesmo as primeiras situações de apuro. Edinho teve dois momentos para brilhar, mas acabou por esbarrar em José Sá, dando o tempo suficiente para os “dragões” assumirem o controlo e para ripostarem de forma proporcional com dois cabeceamentos de Aboubakar.

O camaronês não demoraria muito a marcar em lance que gerou protestos e a expulsão do treinador dos sadinos. Imediatamente antes de aplicar o golpe fatal para a estratégia dos setubalenses, Aboubakar colocou a mão nas costas de Edinho, pelo que os locais pediam a consulta do vídeo-árbitro, pedido, esse, que não foi atendido.

O FC Porto aproveitou a desconcentração do Vitória e voltou a marcar numa fase em que já tinha o jogo completamente controlado. Em maré de azar, Marega acabou por ser feliz e quebrar a malapata, limitando-se a empurrar uma bola que parecia teimar não entrar na baliza de Cristiano, que ainda afastou o remate de Aboubakar e viu o poste impedir a recarga de Maxi Pereira.

A tarefa dos sadinos parecia cada vez mais complicada, tornando-se praticamente impossível a partir do momento em que Vasco Fernandes tocou o calcanhar de Aboubakar. Tiago Martins assinalou um penálti que o visionamento do VAR confirmou, permitindo ao camaronês bisar na partida mesmo antes do intervalo.

Um feito que não o satisfez, já que continuou à procura do hat-trick, que acabou por alcançar aos 68’. Mas antes do festival do avançado portista, e com o triunfo bem encaminhado, Sérgio Conceição permitiu-se gerir os seus principais activos, até porque o relvado pesado o aconselhava. Assim, Brahimi, Ricardo e Danilo saltaram de uma engrenagem que continuou a carburar e a ditar leis, indiferente ao sofrimento dos setubalenses, numa altura em que já recebiam instruções da bancada, numa tentativa de controlar danos.

O FC Porto aproveitava a circunstância para se recrear e divertir como uma criança à chuva, deixando Corona à solta, ainda que tivesse sido Marega a fechar as contas da noite com um golo que encerra a crise do maliano, uma das figuras pela negativa no clássico com o Benfica.

Depois da tempestade gerada pela força de Aboubakar, já pouco havia a fazer por parte do V. Setúbal, o que dava espaço aos portistas para assumirem de forma inequívoca o papel de líderes.