Rio alerta para perigo de desaparecimento do PSD

Candidato a líder criticou o modelo económico baseado no consumo interno

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Rio disputa com Santana a liderança do PSD LUSA/HUGO DELGADO

 

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O candidato à presidência do PSD Rui Rio alertou sexta-feira, em Barcelos, que o partido corre o perigo de praticamente desaparecer se não se renovar e não se abrir à sociedade. “Se nos deixarmos cair, se baixarmos os braços, o que pode acontecer ao PSD é aquilo que já aconteceu a outros grandes partidos noutros países”, afirmou.

Apontou como exemplo o Partido Socialista francês que “quase desapareceu” nas últimas presidenciais, com o seu candidato a conseguir 8%, numa altura em que na presidência estava o também socialista François Hollande. “Se não olharmos lá para fora, para o que está a acontecer a outros, e olharmos ao mesmo tempo para aquilo que são os avisos que temos cá dentro, corremos o perigo de nos acontecer a mesma coisa [quase desaparecer]”, sublinhou o antigo presidente da Câmara do Porto

Rio referiu o número de presidências de câmara detidas pelo PSD, que “tem vindo sempre a cair”, passando de 157 em 2005 para as actuais 98. “Temos vindo sempre a cair em presidências de câmara e de juntas”, enfatizou, apontando os resultados conseguidos pelo PSD, este ano, para as câmaras de Lisboa e Porto, respectivamente 11% e 10%. Lembrou que 10% “era mais ou menos” a votação que tinha o Partido Comunista quando ele ganhou a Câmara do Porto, por três vezes consecutivas.

O candidato a líder disse defendeu que o PSD tem vindo a perder militantes, ânimo e quadros, porque “se tem vindo a fechar” e não se tem renovado. O PSD “não se pode divorciar da sociedade”, antes deve ter a sociedade “dentro de si”, sustentou. “O PSD tem de partir para uma etapa nova”, defendeu, apontando que, se for eleito presidente do partido, os seus dois objectivos imediatos são ganhar as legislativas de 2019 e “inverter o curso” decrescente nas autárquicas de 2021.

Para essa nova etapa, Rio disse ainda ser fundamental recolocar o partido no seu lugar, que diz ser ao centro. “O PSD não é um partido de direita nem é a direita, é um partido social-democrata e a social-democracia é ao centro, não é à direita nem à esquerda”, vincou.

Referindo-se à situação económica portuguesa, o candidato que disputa a liderança do PSD com Santana Lopes nas eleições directas de 13 de Janeiro, acusou o Governo de prosseguir o crescimento económico pela via do consumo, alertando que esse modelo significará o regresso a Portugal de “uma troika qualquer”. E defendeu que “o crescimento económico tem de ser feito por mais exportações e mais investimento e não por mais consumo, que é aquilo que é o modelo que está actualmente no Governo, muito condicionado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP”.

Alertou que o crescimento pela via do consumo poderá colocar Portugal novamente em situação de intervenção externa. “Se for feito por via do consumo, acontece-nos outra vez o que nos aconteceu há uns anos atrás e temos qualquer dia outra vez uma troika qualquer, que já cá esteve três vezes desde o 25 de Abril, a bater-nos à porta”, sublinhou.

Para Rio, Portugal tem de aprender com o passado e “fazer diferente”, enveredando por políticas que apoiem o investimento e as exportações. Apelou ainda para a necessidade de o país “ter as contas em ordem”, para poder ter uma economia mais saudável, para poder pagar melhores salários e para dar melhores condições de vida às pessoas.

“Esta é que é a lógica das coisas: temos de ter as contas equilibradas porque só com contas equilibradas é que podemos ter uma economia a crescer capaz de dar aquilo que nós queremos, que é mais consumo. Mais consumo tem de ser uma consequência lógica de uma economia que produz”, disse ainda. E frisou que as linhas de força da sua candidatura são a competitividade da economia, a realização de reformas estruturais, uma sociedade mais coesa com uma classe média “muito grande” e o fortalecimento da democracia.