Morreu o lendário baterista de jazz Sunny Murray

“Uma das figuras mais influentes do jazz de vanguarda”, tocou com Cecil Taylor, Albert Ayler, Ornette Coleman ou John Coltrane. Actuou em Portugal várias vezes.

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CEES VAN DEN VEN/dr

O baterista Sunny Murray, pioneiro do jazz e importante figura do movimento do free jazz, morreu na quinta-feira, aos 81 anos, nos arredores de Paris. Descrito pelo músico de jazz e ex-crítico do PÚBLICO Rodrigo Amado como “lendário” e “uma das figuras mais influentes do jazz de vanguarda”, em 2009, tocou com nomes-chave como Cecil Taylor, Albert Ayler ou Ornette Coleman e gravou vários álbuns.

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O baterista Sunny Murray, pioneiro do jazz e importante figura do movimento do free jazz, morreu na quinta-feira, aos 81 anos, nos arredores de Paris. Descrito pelo músico de jazz e ex-crítico do PÚBLICO Rodrigo Amado como “lendário” e “uma das figuras mais influentes do jazz de vanguarda”, em 2009, tocou com nomes-chave como Cecil Taylor, Albert Ayler ou Ornette Coleman e gravou vários álbuns.

A notícia foi confirmada por duas das suas editoras, a Ayler Records e a Eremite Records, e avançada pelo diário francês Libération, com o diário espanhol El País a detalhar que o baterista nascido em 1936 no Oklahoma morreu num lar nos arredores da capital francesa. Sunny Murray, que em 2012 abriu a 29.ª edição do festival Jazz em Agosto, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, foi um dos primeiros músicos, escreveu na altura o PÚBLICO, “a abandonar o papel tradicional de acompanhamento dos bateristas, adoptando uma postura autónoma, mais interventiva, colorindo, acentuando ou comentando a música como se de um solista se tratasse”.

Era também, para alguns dos seus correligionários, fonte de dúvidas e críticas quanto à sua verdadeira capacidade técnica, com o El País a citar mesmo uma conversa de Steve Potts com o crítico e divulgador de jazz português José Duarte em que o saxofonista é taxativo: “Simplesmente [Murray] não sabe tocar”. Já António Curvelo, divulgador e crítico de jazz, escrevia no PÚBLICO em 2001 que Murray era "um dos símbolos da implosão rítmica do free jazz".

Ao longo da sua carreira, que se agiganta quando em 1956 se muda para Nova Iorque e começa a tocar com o pianista e poeta Cecil Taylor, Sunny Murray acompanhou o saxofonista Albert Ayler – integra álbuns de referência do género como Spiritual Unity – mas também Jimmy Lyons, Ornette Coleman, Don Cherry, John Tchicai, Archie Shepp ou John Coltrane, Sonny Rollins, Gil Evans, Art Blakey e Max Roach. Foi como líder dos seus próprios agrupamentos que cimentou a sua reputação de músico e “personalidade sagrada”, como escreve o Libération no seu obituário.

Depois de várias visitas e colaborações com músicos franceses, acabaria por fixar residência em Paris, onde veio a morrer. Além da actuação no Jazz em Agosto, Murray tocou em Portugal com os Telectu na Festa do Avante! em 1999 e no Matosinhos em Jazz em 2001, com Tom Chant e os mesmos Telectu, de Vítor Rua e Jorge Lima Barreto – actuação que viria a resultar numa gravação para o álbum Quartetos. Foi em França que foi realizado um documentário sobre o músico, Sunny’s Time Now (2008), que está disponível online.