Juiz pede autorização ao Congresso para deter Cristina Kirchner

A ex-Presidente é acusada de encobrimento de terrorismo no caso AMIA, a mutualista judaica onde um atentado em 1994 matou 85 pessoas.

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Um juiz pediu ao Congresso argentino que retire a imunidade a Cristina Fernández de Kirchner, a ex-Presidente que acaba de assumir o lugar de senadora, para poder julgá-la por traição devido a encobrimento de terrorismo. O juiz Claudio Bonadio argumentou no seu pedido que a ex-Presidente deve se tratada da mesma forma que os seus antigos colaboradores, que acabam de ser acusados no caso AMIA e foram presos na quarta-feira.

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Um juiz pediu ao Congresso argentino que retire a imunidade a Cristina Fernández de Kirchner, a ex-Presidente que acaba de assumir o lugar de senadora, para poder julgá-la por traição devido a encobrimento de terrorismo. O juiz Claudio Bonadio argumentou no seu pedido que a ex-Presidente deve se tratada da mesma forma que os seus antigos colaboradores, que acabam de ser acusados no caso AMIA e foram presos na quarta-feira.

O crime de que Kirchner é acusada — o juiz abriu já um processo contra a ex-Presidente — remonta a 1994, quando no maior atentado da história do país, contra a Associação Mutualista Judaica Argentina (AMIA na sigla original), morreram 85 pessoas e 400 ficaram feridas. 

Kirchner, Presidente entre 2007 e 2015, e alguns colaboradores (entre eles ministros), são acusados de ter conspirado para que os suspeitos do crime, cinco iranianos, ficassem impunes devido à sua actuação anos depois. 

O caso AMIA era investigado pelo juiz Alberto Nisman, que apareceu morto com um tiro na cabeça no seu apartamento em Buenos Aires dias antes de testemunhar no Congresso — pretendia passar aos congressistas pormenores da sua investigação que apontavam para a culpa de Kirchner no encobrimento dos terroristas.

Contra os cinco iranianos, todos diplomatas ou funcionários do governo de Teerão, havia em 2013 um mandado de captura internacional, explica o jornal espanhol El País. Mas Kirchner decidiu permitir que fossem interrogados no Irão, a troco de benefícios financeiros, segundo a acusação. Foi considerado por Nisman que a Presidente entrou em “incumprimento do dever do funcionário público”.

O processo chegou a ser encerrado, mas foi reaberto e está nas mãos do juiz Bonadio — que chegou a ser afastado do caso por “parcialidade” —, e este quer Kirchner na prisão.

O Senado, cuja composição só fica oficialmente completa no domingo — e só depois poderá começar a trabalhar —, tem 180 dias para chegar a uma decisão sobre Kirchner. Há antecedentes, diz a imprensa argentina: o ex-ministro do Planeamento, Julio De Vido, responsável pelas Obras Públicas durante 12 anos do kirchnersismo e suspeito de corrupção, perdeu imunidade parlamentar e foi imediatamente detido a 25 de Outubro. 

O juiz Bonadio diz no seu pedido que a prisão da ex-Presidente é necessária para evitar que use os seus contactos para arrastar a investigação. O crime de traição à pátria pode levar a uma pena de 10-25 anos de prisão a perpétua.