FMI já acredita nas previsões do Governo mas pede maior redução da dívida

Fundo revê em alta projecções para a economia portuguesa, mas recomenda que se aproveite a conjuntura positiva para reduzir fragilidades estruturais.

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FMI de Christine Lagarde está mais optimista em relação ao crescimento português Yuri Gripas

O Fundo Monetário Internacional (FMI), que nos últimos anos apresentou invariavelmente projecções mais negativas para a economia e finanças públicas portuguesas do que o Governo, reviu esta quinta-feira em alta as suas expectativas colocando-as já ao mesmo nível das do Executivo. No entanto, a instituição com sede em Washington, assinala, em paralelo com a Comissão Europeia, que a conjuntura económica mais favorável deveria estar a ser aproveitada para fazer cair a dívida pública portuguesa mais rapidamente.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI), que nos últimos anos apresentou invariavelmente projecções mais negativas para a economia e finanças públicas portuguesas do que o Governo, reviu esta quinta-feira em alta as suas expectativas colocando-as já ao mesmo nível das do Executivo. No entanto, a instituição com sede em Washington, assinala, em paralelo com a Comissão Europeia, que a conjuntura económica mais favorável deveria estar a ser aproveitada para fazer cair a dívida pública portuguesa mais rapidamente.

Nos comunicados finais da sexta avaliação pós-programa realizada pela troika à economia portuguesa entre 28 de Novembro e 6 de Dezembro, os técnicos do FMI e da Comissão Europeia assinalam o facto de a economia portuguesa ter registado em 2017 uma recuperação significativa e de os indicadores orçamentais terem prolongado a sua tendência de melhoria. No entanto, ao mesmo tempo, repetiram os avisos relativamente aos esforços que ainda são precisos ao nível da consolidação orçamental e da estabilização do sector financeiro.

Em particular, o FMI decidiu, em resultado da visita, rever em alta as suas previsões tanto para o crescimento como para o défice. A variação estimada para o PIB passou, em 2017, de 2,5% para 2,6% e, em 2018, de 2% para 2,2%. O FMI, que sempre foi muito céptico em relação ao potencial de crescimento da economia portuguesa, colocou agora as suas projecções para o PIB a um nível igual ao do Governo, embora apontando para que no futuro se possa assistir a um abrandamento da actividade.

Em relação ao défice público, o FMI também convergiu para as projecções do Governo. Antes esperava saldos negativos de 1,5% em 2017 e 1,4% em 2018 e agora aceita que possam ser de 1,4% e 1,1%, respectivamente.

Perante estes números mais positivos, aquilo que tanto o FMI como a Comissão Europeia fazem é pedir um maior esforço de consolidação orçamental ao Governo português, defendendo que esta é a conjuntura ideal para que o país reduza a grande fragilidade que continua a apresentar nesta matéria: uma dívida pública bastante elevada. “Condições de financiamento favoráveis e a recuperação económica providenciam uma oportunidade auspiciosa para uma ainda mais rápida descida da dívida pública”, afirma o comunicado do FMI.

A Comissão Europeia, no seu comunicado, diz por sua vez que “as atuais condições cíclicas favoráveis, a par da redução do serviço da dívida, deveriam ser utilizadas para a continuação do ajustamento orçamental estrutural de forma a alcançar uma situação orçamental sustentável a médio-prazo”, assinalando que “o ajustamento estrutural planeado está em risco de desviar-se significativamente dos requisitos do Pacto de Estabilidade e Crescimento”.