Rui Lage ganha Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís
O Invisível, primeiro romance do autor, aborda o lado oculto de Fernando Pessoa.
Rui Lage (Porto, 1975) venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, por unanimidade, com o seu primeiro romance, O Invisível, que propõe uma abordagem ficcional do lado mais oculto de Fernando Pessoa, anunciou esta tarde a Estoril-Sol.
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Rui Lage (Porto, 1975) venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, por unanimidade, com o seu primeiro romance, O Invisível, que propõe uma abordagem ficcional do lado mais oculto de Fernando Pessoa, anunciou esta tarde a Estoril-Sol.
Segundo o júri, O Invisível é “um romance com notável fulgor imaginativo” no qual “a figura histórica de Fernando Pessoa é tornada personagem de romance e colocada no centro de uma trama de ficção muito original, que cruza criativamente referentes conhecidos da época e cultura pessoanas, particularmente a sua vertente ocultista e/ou esotérica”, lê-se no comunicado da Estoril-Sol, que promove o galardão, em parceria com a Editorial Gradiva, que publicará este título no próximo ano.
“Neste romance convergem vários géneros: desde logo o fantástico e o romance histórico, quer Portugal, quer África do Sul são reconstituídos, na sua inserção ‘epocal’, com o máximo rigor que me foi possível; mas também o rocambolesco e o satírico, além de elementos do romance policial – a personagem de Pessoa deve aqui alguma coisa à tradição norte-americana dos occult detectives, com ascendentes em [Edgar Allan] Poe e Conan Doyle”, disse à agência Lusa o autor.
“Interessava-me colocar Pessoa em situações incómodas, desconcertantes, fora do seu ambiente lisboeta (já tão explorado noutras ficções), para agudizar contrastes e convocar um mundo arcaico, telúrico, atormentado por influências e presenças invisíveis. Eis por que, com certa dose de perversidade, transportei Pessoa para uma aldeia fictícia, na serra do Alvão, pondo-o a interagir com uma comunidade ensimesmada, radicalmente extemporânea”, rematou.
O prémio, que tem o valor pecuniário de dez mil euros, será entregue no próximo ano, em data a anunciar pela organização.
Rui Carlos Morais Lage é licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se doutorou em Literaturas e Culturas Românicas, na especialidade de Literatura Portuguesa. É autor de poesia, com sete livros publicados entre 2002 e 2016, entre os quais Estrada Nacional, que lhe valeu o Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016, tendo também publicado na área de ensaio, nomeadamente um título sobre Manuel António Pina. Na ficção infanto-juvenil, é autor da antologia Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI.
O escritor é deputado à Assembleia Municipal do Porto e membro do Conselho Municipal de Cultura portuense, professor de História Cultural do Teatro na Universidade Lusófona e assistente parlamentar no Parlamento Europeu, onde trabalha nas áreas dos Assuntos Externos e dos Direitos Humanos.
O júri do Prémio foi presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, em representação do Centro Nacional de Cultura, e incluiu ainda José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, a catedrática de Literatura Maria Alzira Seixo e o escritor Liberto Cruz, convidados a título individual, e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril-Sol.
A partir desta edição, o Prémio Revelação deixou de fixar um limite de idade para os concorrentes. Manteve, contudo, a exigência de serem autores portugueses, “sem qualquer obra publicada no género”.