Mulheres rohingya vendidas como escravas sexuais
Situação era conhecida e piorou com a chegada de dezenas de milhares de refugiados ao Bangladesh.
Raparigas e mulheres rohingya são vendidas como escravas sexuais no Bangladesh, na cidade de Cox’s Bazar, segundo organizações de ajuda humanitária. Uma rapariga de 15 anos contou à estação de televisão Al-Jazira que foi vendida assim que chegou ao Bangladesh de barco, fugindo da violência militar na Birmânia.
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Raparigas e mulheres rohingya são vendidas como escravas sexuais no Bangladesh, na cidade de Cox’s Bazar, segundo organizações de ajuda humanitária. Uma rapariga de 15 anos contou à estação de televisão Al-Jazira que foi vendida assim que chegou ao Bangladesh de barco, fugindo da violência militar na Birmânia.
A adolescente, cuja identidade não foi revelada, perdeu a mãe, o pai e a irmã num ataque do Exército birmanês contra o povo rohingya, uma minoria muçulmana. Quando chegou ao Bangladesh, em Setembro, duas mulheres aproximaram-se dela na praia e ofereceram-lhe ajuda.
“Disseram-me que se fosse com elas iriam tomar conta de mim e ajudar-me a encontrar um marido”, disse à Al-Jazira. As duas mulheres trancaram-na num quarto durante três semanas e venderam-na a um homem do Bangladesh que, segundo a vítima, a violou durante 12 dias.
O homem ameaçou-a dizendo que a “sufocaria, esfaquearia e mataria”. Perguntou-lhe se queria ser morta da mesma forma que a família tinha sido, na Birmânia. Após os 12 dias em cativeiro, o homem devolveu-a às duas mulheres. A vítima foi deixada no campo de refugiados de Kutupalong, onde agora vive.
As Nações Unidas (ONU) e outras organizações humanitárias dizem que o tráfico e o trabalho sexual nos campos de refugiados se agravaram desde a chegada de mais de 620 mil rohingyas fugidos da última vaga de violência do Exército birmanês.
“Sabemos que já havia recrutas aqui em Cox’s Bazar, antes da chegada destes refugiados e sabemos que novas redes criminosas começaram agora a operar”, comentou Olivia Headon, da Organização Internacional para as Migrações, acrescentando que é necessário agir com urgência para manter estas mulheres e raparigas em segurança nos campos de refugiados do Bangladesh.