Poucos investigadores de Biologia dão aulas
Mais trabalho em laboratório e número elevado de projectos internacionais explicam realidade.
O estudo da Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) sobre cientistas que são simultaneamente professores mostra comportamentos muito divergentes entre as diversas áreas científicas. Por exemplo, em Matemática, 74% dos investigadores são docentes de carreira, enquanto 21% dos cientistas da área não dá aulas. Acontece uma situação semelhante nas Ciências e Engenharia de Computadores (72% são professores, 18% não dão aulas) e Economia (72% contra 14%).
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O estudo da Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) sobre cientistas que são simultaneamente professores mostra comportamentos muito divergentes entre as diversas áreas científicas. Por exemplo, em Matemática, 74% dos investigadores são docentes de carreira, enquanto 21% dos cientistas da área não dá aulas. Acontece uma situação semelhante nas Ciências e Engenharia de Computadores (72% são professores, 18% não dão aulas) e Economia (72% contra 14%).
É na Biologia que encontramos o cenário inverso. Na Biologia Experimental apenas 14% dos investigadores são docentes de carreira enquanto 81% não dão aulas. Em Ciências Biológicas, só 26% dos cientistas dão simultaneamente aulas.
A explicação para este fenómeno tem a ver, por um lado, com o facto de ser uma área em que a investigação “consome mais tempo com trabalho experimental de laboratório”, explica a presidente da Associação Nacional de Investigadores em Ciência e Tecnologia (ANICT), Cláudia Botelho, que é investigadora na área.
Mas também há uma outra realidade que deve ser tida em conta: o número elevado de projectos de investigação financiados por fundos comunitários que existem na Biologia. “Há uma tendência para que haja maior precariedade nos vínculos nas áreas científicas que conseguem ser mais competitivas a nível de projectos internacionais. Tem muito a ver com o recurso sistemático a bolsas de investigação”, contextualiza o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, Gonçalo Velho.
Esta é uma realidade que se verifica em outras áreas em que o sistema científico português tem sido capaz de atrair financiamento comunitário para a investigação, como por exemplo nas Neurociências, onde cerca de um quarto (26%) dos cientistas são, ao mesmo tempo, professores.