Bitcoins descem com investidores a quererem garantir lucros
Preço acima da fasquia psicológica dos dez mil dólares motivou novos utilizadores e muitas ordens de venda. Grande volume de tráfego levou a problemas técnicos em algumas bolsas online.
Mesmo para os padrões da bitcoin, os preços desta semana têm sido particularmente instáveis. Depois de ter passado a fasquia dos dez mil dólares – um recorde que levou a uma ainda maior cobertura mediática –, a criptomoeda continuou a subir, ultrapassando os 11 mil dólares, para depois retroceder significativamente, numa mistura de problemas técnicos em algumas bolsas e de investidores que decidiram ser altura de vender e garantir os lucros.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Mesmo para os padrões da bitcoin, os preços desta semana têm sido particularmente instáveis. Depois de ter passado a fasquia dos dez mil dólares – um recorde que levou a uma ainda maior cobertura mediática –, a criptomoeda continuou a subir, ultrapassando os 11 mil dólares, para depois retroceder significativamente, numa mistura de problemas técnicos em algumas bolsas e de investidores que decidiram ser altura de vender e garantir os lucros.
Na manhã desta quinta-feira, cada bitcoin rondava os 9700 dólares, segundo o site especializado Coindesk (os preços variam nas várias bolsas online não reguladas em que as bitcoins e outras moedas são compradas e vendidas). Depois de um pico próximo dos 11.150 dólares na quarta-feira, a moeda chegou a afundar 14%, antes de recuperar parte das perdas recentes. Num momento que ilustra a volatilidade das bitcoins, o preço chegou a cair 1000 dólares (cerca de 9%) no espaço de dez minutos.
Parte da descida é explicada pelos muitos investidores que quiseram arrecadar lucros depois de quebrada a barreira psicológica dos dez mil dólares, uma subida que colocou a moeda a valer dez vezes mais do que no início deste ano (e 25 vezes mais do que em Janeiro de 2016).
O grande volume de transacções e o elevando número de novos investidores a criar contas e carteiras digitais também criou problemas técnicos. Algumas das grandes bolsas tiveram falhas, fazendo com que com que os serviços ficassem lentos e deixando utilizadores temporariamente sem acesso aos respectivos fundos ou sem a possibilidade de realizar ordens de compra e venda. Serviços populares como o GDAX, o Gemini e a Coinbase reconheceram terem tido problemas. “A Coinbase está a levar a cabo manutenção para melhorar o desempenho sob o elevado tráfego, dado os grandes volumes que registámos hoje”, lê-se numa mensagem publicada pela Coinbase no Twitter esta manhã.
A grande valorização das bitcoins – e de outras moedas, como a Ether (também chamada Ethereum) – tem atraído novos investidores e a subida de preço das últimas semanas foi alimentada pelo interesse crescente do sector financeiro tradicional. Foi amplamente replicada uma notícia da agência Reuters (com base numa fonte anónima) sobre o plano da bolsa nova-iorquina Nasdaq para lançar no próximo ano instrumentos financeiros com base em bitcoins.
Já o vice-presidente do Banco Central Europeu, o português Vitor Constâncio, avisou esta semana, em duas entrevistas consecutivas na imprensa internacional, para os riscos de investir em bitcoins. “É um tipo muito particular de activo, olhando para a evolução dos preços, é um activo especulativo por definição. Os investidores estão a correr o risco de comprar a preços tão altos”, observou à CNBC. Constâncio reforçou ainda a mensagem já passada algumas vezes pelo banco central de que esta instituição não tem responsabilidades na regulação de criptomoedas como as bitcoins.