Mudança “foi muito mal comunicada”, admite ministro da Saúde
Governo está a criar um grupo de trabalho, liderado pelo ex-presidente do Infarmed Henrique Luz Rodrigues, para estudar a decisão de mudar a sede da autoridade do medicamento para o Porto. E admite descentralizar outros serviços do ministério.
O ministro da Saúde acredita que a mudança da sede do Infarmed de Lisboa para o Porto “foi muito mal comunicada”. “E o responsável sobre essa má comunicação tem um nome: sou eu”, afirmou aos jornalistas, à saída da Comissão parlamentar de Saúde esta quarta-feira. Adalberto Campos Fernandes vai ser ouvido nesta comissão parlamentar sobre a transferência.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O ministro da Saúde acredita que a mudança da sede do Infarmed de Lisboa para o Porto “foi muito mal comunicada”. “E o responsável sobre essa má comunicação tem um nome: sou eu”, afirmou aos jornalistas, à saída da Comissão parlamentar de Saúde esta quarta-feira. Adalberto Campos Fernandes vai ser ouvido nesta comissão parlamentar sobre a transferência.
“É por isso que assumo as minhas responsabilidades e terei agora de explicar detalhadamente, de trabalhar detalhadamente com todos, para que essa comunicação seja recomposta”, sublinhou.
Adalberto Campos Fernandes defende, no entanto, que este erro não deve ser usado para mudar o caminho da decisão, que, destaca, está tomada há muito tempo. O governante vem assim concordar com o primeiro-ministro, António Costa, que admitiu na semana passada que a comunicação feita aos trabalhadores “não foi a melhor”.
O ministro adiantou ainda que o grupo de trabalho que o Governo está a criar para estudar as implicações desta “intenção política” será presidido pelo ex-presidente do Infarmed Henrique Luz Rodrigues e conta, entre outros peritos, com José Aranda da Silva, primeiro presidente desta autoridade reguladora do medicamento. Este grupo fará a “apreciação material, técnica e científica” de uma “intenção política” que, ressalva Campos Fernandes, tem “mais de um ano pela frente” para ser concretizada.
Todavia, o ministro da Saúde não deixou claro se o executivo voltará atrás, caso o grupo emita um parecer desfavorável à mudança. “O Governo admite ter em consideração” aquilo que o grupo deliberar, disse apenas. Depois de comunicada a “vontade política”, “agora há o tempo da análise”.
Adalberto Campos Fernandes recusou comentar as declarações da presidente do Infarmed ao PÚBLICO, que disse ter ficado “incrédula” com a “intenção”, não decisão, de mudar a sede para o Porto. O ministro da tutela deixou apenas a garantia de que a continuidade e qualidade do trabalho desta autoridade não estão em causa.
Já no final da reunião da Comissão parlamentar de Saúde, os deputados decidiram por unanimidade convocar o ministro para esclarecer esta decisão. O PSD pediu ainda ao Governo que envie à comissão parlamentar “todos os documentos oficiais que tenham eventualmente sustentado a referida decisão e, designadamente, que evidenciem que a mesma foi tomada em data anterior à candidatura do Porto ao acolhimento da sede da Agência Europeia de Medicamentos (EMA)”.
Descentralizar outros serviços
Questionado sobre se concorda com a mudança da sede para o Porto, o ministro da Saúde reafirmou que é um adepto da descentralização e adiantou que o ministério está a equacionar descentralizar outros serviços, recusando-se a adiantar quais.
“Muitos falam da necessidade de mudança, mas poucos querem mudar”, sublinhou, destacando que acredita que, se decisão a tivesse sido comunicada antes ou depois, a “reacção teria sido a mesma”.
Adalberto Campos Fernandes reafirmou ainda que, aquando da candidatura à Agência Europeia do Medicamento (EMA), foi possível ver a “poderosa fileira do medicamento” que existe no Norte do país. Com Lusa