Romance sem chama

O palestiniano Hany Abu-Assad funde-se no anonimato do tarefeirismo hollywoodiano com uma dramalhão do qual só se salva a entrega de Idris Elba.

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Um dos mais inexplicáveis desperdícios de talento que vimos recentemente, A Montanha Entre Nós é um exemplo particularmente feliz do que acontece quando gente cujo talento não está em dúvida encarreira uma série de más decisões. A história de dois estranhos cujo avião se despenha nos picos de uma montanha remota nos EUA, e do romance que nasce entre ambos enquanto procuram sobreviver e regressar à civilização, é contada com toda a espessura dramática de uma adaptação de Nicholas Sparks.

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Um dos mais inexplicáveis desperdícios de talento que vimos recentemente, A Montanha Entre Nós é um exemplo particularmente feliz do que acontece quando gente cujo talento não está em dúvida encarreira uma série de más decisões. A história de dois estranhos cujo avião se despenha nos picos de uma montanha remota nos EUA, e do romance que nasce entre ambos enquanto procuram sobreviver e regressar à civilização, é contada com toda a espessura dramática de uma adaptação de Nicholas Sparks.

É um filme que se limita a cumprir todas as “figuras obrigatórias” do grande melodrama sem especial arte nem particular convicção, como se ninguém acreditasse grandemente no que está a fazer — à excepção de Idris Elba, a única pessoa que parece saber o que este filme quer ser. E quem dirige em modo perfeitamente funcional, quase anónimo, é o palestiniano Hany Abu-Assad — o mesmo Hany Abu-Assad que problematizou de maneira inteligente a questão israelo-palestiniana em O Paraíso, Agora! (2005) e Omar (2013), que parece aqui um simples tarefeiro contratado para filmar imagens bonitas e manter os actores contentes. Confessamos que esperávamos mais de um dos raros cineastas palestinianos em actividade, mas ficamos pelo menos a saber que Abu-Assad é perfeitamente capaz de se fundir na paisagem hollywoodiana sem destoar. O filme, esse, já se esqueceu.

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