Carminho: “Canto um Tom Jobim que é meu”

Digressão europeia de Carminho Canta Tom Jobim termina em Portugal com dois grandes concertos: esta quinta-feira, dia 30, em Lisboa, na Altice Arena, e dia 2 de Dezembro no Multiusos de Guimarães. Carminho e Paulo Jobim falam desta aventura nos palcos.

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Carminho LEO AVERSA

Andou durante o mês a rodar por algumas das salas mais importantes da Europa e agora chega a Portugal e em duas grandes salas: Carminho Canta Tom Jobim apresenta-se em Lisboa, na Altice Arena, dia 30 de Novembro (21h30) e no Multiusos de Guimarães, no 2 de Dezembro (às 22h).

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Andou durante o mês a rodar por algumas das salas mais importantes da Europa e agora chega a Portugal e em duas grandes salas: Carminho Canta Tom Jobim apresenta-se em Lisboa, na Altice Arena, dia 30 de Novembro (21h30) e no Multiusos de Guimarães, no 2 de Dezembro (às 22h).

O disco que está na origem desta digressão, Carminho Canta Tom Jobim, foi gravado nos estúdios da editora Biscoito Fino e lançado em Dezembro de 2016 e chega agora às lojas portuguesas também em vinil. Com Carminho, no disco e agora nos palcos, está a Banda Nova, a última formação que acompanhou Tom Jobim, e da qual fazem parte o filho e neto do compositor, respectivamente Paulo (violão) e Daniel Jobim (piano), Jaques Morelenbaum (violoncelo) e Paulo Braga (bateria). Participaram no disco, como convidados, Marisa Monte, em Estrada do sol, Maria Bethânia em Modinha e Chico Buarque em Falando de amor. A actriz Fernanda Montenegro, de 87 anos, tem uma participação especial no tema Sabiá, declamando um excerto do poema de Gonçalves Dias Canção do exílio (escrito em Coimbra, e no qual Tom Jobim se inspirou para compor Sabiá). Nos dois concertos em Portugal, a cantora Marisa Monte participa como convidada.

“Tivemos uma tournée no Brasil, que foi a primeira forma de vermos como seria, em palco, ao vivo”, disse Carminho ao PÚBLICO antes de começar a tournée europeia. “Foi muito bonito, senti-me muito confortável. E uma das razões para isso foi o facto de o disco ter sido gravado da mesma maneira que é tocado ao vivo, o que permite que estejamos todos no palco com a mesma energia com que estivemos no estúdio. Fizemos várias cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre. E com uma naturalidade como se estivéssemos em casa uns dos outros, a brincar com aqueles temas, fizemos alguns fados… Acho que as pessoas ficaram contentes.”

Paulo Jobim, que esteve no PÚBLICO com a cantora a falar do disco e dos concertos, diz: “Nós íamos fazer o disco com orquestra. Mas como eu toquei muito com Jaquinho [Morelenbaum] pela vida fora, propus a ela fazer esse quarteto, porque ele sozinho é praticamente uma orquestra, tem um bom gosto danado e um som maravilhoso. E é perfeito para fazer ao vivo.”

“Um concerto especial”

A participação de Marisa Monte é, para Carminho, “muito importante”: “Ela acaba por ser uma grande ponte geracional e energética entre mim e o próprio Tom Jobim. E isto é uma coisa mais conceptual, de mim para mim: desde que comecei a ouvir novelas da Globo até, adolescente, fazer as minhas cassetes, e depois conhecer o Paulinho [Jobim], o Chico Buarque e as pessoas que me contavam histórias sobre o Tom, isto foi a construção, peça por peça, de um Tom Jobim que é meu. Cada um terá o seu, este é o meu. E ele gosta de passarinhos, gosta de arquitectura, tem sentido de humor, várias características que eu fui percebendo que ele tinha e que pode ter coincidências com o verdadeiro ou não.” E Marisa Monte acabou por ser muito importante neste caminho de descoberta. “Foi das pessoas que me trouxe não só a experiência dela, vinda de uma raiz que é o samba e de uma música popular brasileira aberta ao mundo, mas também as referências do Tom Jobim e de outros compositores. E percebemos que tínhamos uma amizade e uma empatia artística e pessoal que nos levou a querer estar juntas em várias coisas.”

Carminho valoriza muito este concerto, até pela sua concepção: “Este é, para mim, um concerto especial. No sentido em que nos reunimos, todos aqueles que fizeram realmente o disco. Foi muito difícil conjugar as agendas de toda a gente, e assumimos que em nenhuma sala se repete. São todas únicas e irrepetíveis, dez salas emblemáticas na Europa.” Paulo acrescenta: “São dez salas maravilhosas”. Começou dia 6 de Novembro em Viena de Áustria, na Konzerthaus, seguindo depois para Zurique (Neumünster Kirche, dia 8), Colónia (Philarmonic Köln, dia 9), Hamburgo (Elbphilharmonie, dia 11), Bremen (Die Glocke, dia 12), Le Havre (Le Volcan, dia 13), Paris (La Cigale, dia 15) e Londres (London Jazz Festival, no Barbican Centre, dia 17).

Os dois últimos concertos da digressão europeia são os de Portugal, primeiro na Altice Arena (dia 30) e depois no Multiusos de Guimarães (dia 2), os únicos com Marisa Monte por convidada.