Intervenção permite corrigir mais cedo dificuldades das provas de aferição
Mais de 70% dos alunos do 2.º ano a nível nacional demonstraram dificuldades no domínio da escrita. Trabalho no pré-escolar pode ser solução.
As provas de aferição do 2.º ano do ano lectivo passado mostraram um quadro de dificuldades alargadas das crianças do 1.º ciclo ao nível do Português. Na escrita, 71,3% dos alunos a nível nacional tiveram resultados inferiores ao esperado e também no domínio do oral e Literatura e Educação Literária houve percentagens elevadas de estudantes que não conseguirem atingir o nível desejado (45,5% e 37,4%, respectivamente). Projectos como “O crescente do ler” permitem uma intervenção precoce ao nível dos problemas mostrados nas provas nacionais.
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As provas de aferição do 2.º ano do ano lectivo passado mostraram um quadro de dificuldades alargadas das crianças do 1.º ciclo ao nível do Português. Na escrita, 71,3% dos alunos a nível nacional tiveram resultados inferiores ao esperado e também no domínio do oral e Literatura e Educação Literária houve percentagens elevadas de estudantes que não conseguirem atingir o nível desejado (45,5% e 37,4%, respectivamente). Projectos como “O crescente do ler” permitem uma intervenção precoce ao nível dos problemas mostrados nas provas nacionais.
“Uma das dificuldades das dificuldades de aprendizagem é o seu carácter cumulativo”, contextualiza a professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto Diana Alves, que faz consultoria à iniciativa de Santa Maria da Feira.
Não ler e não escrever bem impede uma criança de mostrar o que sabe e impede-a também de saber mais. “Toda a escolarização do 1.º ciclo assenta nestas competências transversais de leitura e de escrita”, prossegue a especialista. O objectivo do “O crescente do ler” é precisamente não deixar acumular essas dificuldades de aprendizagem.
A literatura científica mostra que os resultados de uma intervenção desse tipo “são inferiores em 50%” quando acontecem a partir do 2.º ano de escolaridade. “Nessa fase, a ferramenta de leitura e de escrita já tinha que estar completamente adquirida para começar a aceder a outro tipo de informação”, explica também a professora universitária, sublinhando a importância deste tipo de trabalho precoce. Até porque, se uma criança não tiver estas competências adquiridas no tempo esperado, a escola já lhe não reserva tempo para isso. “E aí as dificuldades ainda se vão acumulando mais”.
No concelho de Santa Maria da Feira os resultados estão genericamente em linha com a média nacional. Apenas cinco das 51 escolas do 1.º ciclo no município têm percentagens de alunos que obtiveram a classificação “conseguiu” em pelo menos dois domínios avaliados inferiores à média nacional para alunos com o mesmo perfil de Acção Social Escolar.
Já as duas escolas EB1 de Paços de Brandão têm dos melhores resultados do concelho. Na EB1 da Igreja, para onde transitam em regra os alunos do Jardim de Infância da Igreja, 83% dos alunos obtiveram a classificação “conseguiu” em pelo menos dois domínios avaliados. A média nacional é de 71%. A distância média entre os resultados dos alunos da mesma escola é inferior à média nacional na EB1 da Igreja. Além disso, os alunos daquele estabelecimento de ensino demonstram ainda conhecimento acima da média nacional na compreensão do oral.