“Sou negra e sapatão” – e isso é um acto de resistência

Sexismo, racismo e lesbofobia são discriminações constantes que surgem de forma acumulada na vida de mulheres negras e lésbicas. Geanine Escobar fala-nos sobre a sua experiência.

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Fotografia cedida

Nesta semana, Geanine Escobar fala-nos sobre a sua experiência como mulher negra e lésbica em Portugal, as reflexões que trouxe para a academia e a criação do Colectivo Zanele Muholi de Lésbicas e Bissexuais Negras.

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Nesta semana, Geanine Escobar fala-nos sobre a sua experiência como mulher negra e lésbica em Portugal, as reflexões que trouxe para a academia e a criação do Colectivo Zanele Muholi de Lésbicas e Bissexuais Negras.

A activista está a desenvolver a tese de doutoramento Cartografias da lesbiandade negra em contexto lusófono, na qual procura analisar “narrativas de vivências e micro-resistências de mulheres negras e lésbicas que residem em Portugal”.

“Além de ser preta, é fufa” – eis uma das expressões que, em Portugal, ainda se usam para ofender mulheres negras e lésbicas, em particular as que não performam feminilidade.

Sexismo, racismo e lesbofobia são discriminações constantes que surgem de forma acumulada nas suas vidas. “Se as lésbicas brancas sofrem com a lesbofobia, eu gostaria que houvesse uma reflexão sobre como as lésbicas negras sofrem ainda mais, porque elas não estão enquadradas em várias cobranças [exigências] que a sociedade portuguesa faz”, diz Geanine. Para estas pessoas, em particular quando se trata de mulheres africanas de países de língua portuguesa, essas discriminações podem ser esmagadoras: “O português não é falado da forma como se ‘deveria’ falar, a roupa não é a que ‘deveria’ ser vestida, o cabelo não é liso, a cor não é branca, a classe social é normalmente mais baixa, são mulheres que, por norma, não estão no âmbito académico”.

São mulheres que não encaixam nos padrões sociais dominantes e que vêem partes da sua identidade serem apagadas quando outros e outras não conseguem reconhecer as “diferenças dentro das diferenças”. São invisibilizadas – mas querem ser vistas e reconhecidas na sua diversidade, tanto nos movimentos sociais de que fazem parte como no dia-a-dia. 

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