O “furão” PSD chama comissão técnica e ex-presidente da ANPC ao Parlamento

Deputados da comissão de Agricultura aprovam por unanimidade novas audições sobre os incêndios do Verão. Assunto continua a provocar troca de acusações entre esquerda e direita.

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Maurício Marques garantiu que o PSD tem “postura construtiva” ADRIANO MIRANDA

Por unanimidade mas com críticas da esquerda ao PSD, os deputados da comissão de Agricultura aprovaram esta terça-feira as audições dos elementos da Comissão Técnica Independente que investigou os incêndios de Pedrógão Grande e do ex-presidente da ANPC – Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), Joaquim Leitão. As audições serão feitas em conjunto com a comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais.

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Por unanimidade mas com críticas da esquerda ao PSD, os deputados da comissão de Agricultura aprovaram esta terça-feira as audições dos elementos da Comissão Técnica Independente que investigou os incêndios de Pedrógão Grande e do ex-presidente da ANPC – Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), Joaquim Leitão. As audições serão feitas em conjunto com a comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais.

O social-democrata Maurício Marques defendeu os três pedidos de audição (dois sobre Joaquim Leitão – acerca da demissão e acerca do facto de não ter sido usado o software Traces pela Protecção Civil, revelada pelo PÚBLICO) com os argumentos de que têm existido “versões contraditórias sobre a actuação da Protecção Civil no combate aos incêndios” e da necessidade de explicar se há ou não “eventuais partes de relatórios” que foram pedidos mas que não foram divulgados, “nomeadamente do professor Xavier Viegas”. “É preciso que algumas autoridades e entidades sejam aqui chamadas para esclarecer cabalmente o que se passou e não passou nos trágicos acontecimentos”, disse.

“Já conhecíamos várias formas de fazer política mas esta, tipo furão, de entrar nos buracos todos a ver de onde sai coelho, é novidade”, ironizou o deputado Santinho Pacheco, do PS. “Não espanta que o PSD vá tentar encontrar em qualquer lado uma arma de arremesso, tentando culpabilizar o Governo de tudo e de nada. Sabemos que vamos ter de continuar a enfrentar esta forma de trabalhar na Assembleia da República”, criticou o socialista, acrescentando que o partido votava a favor mas com a certeza de que se irá chegar às mesmas conclusões do relatório.

O bloquista Carlos Matias criticou o propósito do PSD de “esticar ad nauseam um assunto que já foi mais que tratado” e “repegar no tema meses depois com a técnica do furão”, quando em Outubro usou a “bomba atómica da discussão”, marcando, com “poucos escrúpulos e tão pouco pudor” para a manhã seguinte, a análise do relatório horas depois dele ser entregue no Parlamento e “sem o ter lido”.

A centrista Patrícia Fonseca veio em auxílio do PSD dizendo que “é sempre diferente a conversa pessoal do que é vertido nos relatórios” e que é “pertinente” e “relevante” ouvir estas entidades, tal como os deputados da comissão já tinham até falado noutras ocasiões no âmbito do grupo de trabalho sobre os incêndios.

O comunista João Rocha considerou que o PSD “já tem o diagnóstico feito desde o início – de que o Estado falhou”, pelo que “é estranho que continue a sentir necessidade de fazer audições”.

O social-democrata Maurício Marques rejeitou a ideia do “furão” e garantiu que o PSD tem uma “postura construtiva nesta matéria” e “pretende que os trágicos acontecimentos não voltem a ocorrer”. Para isso, quer “recolher todos os ensinamentos”. “Se algo correu mal, queremos saber o que foi para que seja corrigido. A nossa convicção era que o Estado falhou; não sabíamos era a dimensão da falha”, vincou o deputado, acrescentando que, depois do relatório dos incêndios de Pedrógão Grande, voltaram a acontecer, em Outubro, “situações ainda mais gravosas” do que as de Junho.