Congresso já gastou mais de 17 milhões para "abafar" casos de assédio
O Capitólio norte-americano tem um fundo destinado a realizar pagamentos para resolver disputas laborais, incluindo casos de assédio sexual ou descriminação racial. Trump apelou ao voto em Roy Moore, candidato ao Senado que está a ser acusado de ter abusado de várias mulheres.
Desde 1997 foram pagos mais de 17 milhões de dólares através de um fundo do Congresso dos Estados Unidos para resolver disputas laborais, incluindo assédio sexual ou descriminação racial. Todo este dinheiro é público tendo, por isso, origem nos contribuintes norte-americanos.
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Desde 1997 foram pagos mais de 17 milhões de dólares através de um fundo do Congresso dos Estados Unidos para resolver disputas laborais, incluindo assédio sexual ou descriminação racial. Todo este dinheiro é público tendo, por isso, origem nos contribuintes norte-americanos.
O montante utilizado para este tipo de casos é superior, e impossível de calcular. Isto porque, tal como conta uma investigação do BuzzFeed, existem situações como a que envolveu o congressista democrata John Conyers que pagou, em 2015, milhares de dólares a uma funcionária que o acusou de assédio sexual e que foi despedida por, alegadamente, rejeitar os seus avanços sexuais. Este montante saiu do orçamento do gabinete do congressista. Ou seja, neste caso, o dinheiro é público mas não fazia parte do referido fundo.
O Washington Post avançou na semana passada que o pouco conhecido gabinete de disciplina do Congresso desembolsou nos últimos 20 anos mais de 17 milhões de dólares em acordos com funcionários para resolver disputas laborais, incluindo casos de assédio sexual ou de descriminação racial. Os montantes são disponibilizados por uma conta especial do Departamento do Tesouro norte-americano criada em 1995.
Os funcionários que se queixam de, por exemplo, assédio sexual no seio do Capitólio têm de esperar pelo menos três meses até que a queixa seja processada. Se for estabelecido um acordo, tudo fica em segredo. Também os pagamentos realizados não são incluídos nos gastos realizados pelo Congresso que são divulgados publicamente todos os anos.
Este é mais um episódio sobre a vaga de acusações de assédio sexual que têm atingido várias figuras públicas nos Estados Unidos. O que começou por ser um caso de Hollywood, com as acusações contra Harvey Weinstein, chegou à política norte-americana. O senador democrata Al Franken é um dos visados. Outro é Roy Moore, que várias mulheres acusam de as ter molestado quando ainda eram adolescentes.
Moore é o candidato republicano às eleições especiais para o Senado no estado do Alabama marcadas para Dezembro. Depois de divulgadas estas acusações foram várias as figuras, inclusivamente do Partido Republicano, que pediram o seu afastamento da corrida eleitoral.
Donald Trump abordou nesta terça-feira a questão, ressalvando que Moore “negou totalmente” as alegações contra si, apelando ao voto no republicano. “Nós não precisamos de uma pessoa liberal naquele lugar. Um democrata”, disse o Presidente sobre as eleições no Alabama.
Anteriormente, a Casa Branca havia afirmado que Trump considerava as acusações contra Moore “extremamente perturbadoras”.
Sobre esta onda de casos de assédio sexual, o Presidente norte-americano afirmou que “as mulheres são muito especiais” e que este é um “tempo muito especial”. “Muitas coisas estão a surgir e penso que isso é bom para a nossa sociedade e penso que é muito, muito bom para as mulheres e estou muito feliz”, acrescentou.
Donald Trump esteve também envolvido num caso semelhante, ainda durante a campanha presidencial do ano passado, quando dezenas de mulheres o acusaram de avanços sexuais indesejados.