UGT aceita salário mínimo nos 580 euros, mas diz ser possível ir mais longe
Governo e parceiros sociais começam a discutir salário mínimo de 2018 na sexta-feira.
A União Geral de Trabalhadores (UGT) aceitará na concertação social a subida do salário mínimo nacional para os 580 euros, mas defende que o ritmo económico do país permite ir mais longe e por isso propõe 585 euros.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A União Geral de Trabalhadores (UGT) aceitará na concertação social a subida do salário mínimo nacional para os 580 euros, mas defende que o ritmo económico do país permite ir mais longe e por isso propõe 585 euros.
Em declarações à margem de uma conferência organizada na sede da UGT, o secretário-geral da organização diz que prefere “manter uma postura moderada” nas negociações, mas considera que, face ao ritmo económico do país, os 585 euros seriam “razoáveis”.
“Temos de manter a pressão, até para empurrar os outros salários para cima”, afirmou Carlos Silva.
O secretário-geral da UGT lembrou que o Orçamento do Estado deste Governo já veio devolver rendimentos, com preocupações de consolidação orçamental, e defendeu que o crescimento do salário mínimo deve ser contínuo, de forma a chegar aos 600 euros em 2019.
Sobre as reivindicações dos patrões, que pedem contrapartidas para aumentar o salário mínimo, Carlos Silva sublinhou: “Já assinámos acordos em que estava prevista a redução da TSU [Taxa Social Única] para as empresas, mas a este nível preferimos ir pela via da redução do IRC para as empresas que invistam no interior do país e ajudem a combater a desertificação do território”.
“É preciso também penalizar quem usa a precariedade e dar benefícios a todos os outros que optem pelos contratos a termo, para dar estabilidade ao trabalhador. É que nem todos os sectores são sazonais”, acrescentou.
Sobre os 600 euros de salário mínimo proposto pela CGTP, Carlos Silva afirma: “Não somos contra, mas parece que vai para além do ritmo [económico]. Prefiro apostar na moderação”.
A próxima reunião da concertação social está marcada para sexta-feira e, segundo os parceiros, será para se iniciar o debate sobre a actualização do salário mínimo.
No passado fim-de-semana, em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, manifestou-se indisponível para aceitar a proposta de 600 euros de salário mínimo para 2018.
Questionado sobre um possível aumento do salário mínimo para 580 euros, o empresário disse que a CIP não fará desse valor "um cavalo de batalha" e que só tomará posição depois de saber a proposta do Governo.
Já na segunda-feira, no Fórum da TSF, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, afastou a possibilidade de um aumento do salário mínimo, actualmente em 557 euros, que eleve a remuneração acima dos 580 euros.
"Apesar de o Governo ainda não ter apresentado nenhuma proposta para este ano, não vejo nenhuma razão significativa para alterar a trajectória que seguimos até agora", afirmou o ministro.
"O mais provável é mesmo que seja esse o ponto de partida para o debate na Concertação Social", acrescentou Vieira da Silva.