Uber vai comprar 24 mil carros sem condutor à Volvo

Em Portugal, o modelo escolhido – o XC90 – tem um preço recomendado para venda superior a 69 mil euros.

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A Uber vai personalizar os carros XC90 da Volvo com a sua própria tecnologia Reuters/Aaron Josefczyk

A Uber vai comprar 24 mil carros à Volvo para formar uma frota de carros autónomos. Representa a ambição da empresa norte-americana de passar de um modelo de partilha de viagens, com condutores a trabalhar em regime de freelance, para um modelo com carros que se conduzem sozinhos.

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A Uber vai comprar 24 mil carros à Volvo para formar uma frota de carros autónomos. Representa a ambição da empresa norte-americana de passar de um modelo de partilha de viagens, com condutores a trabalhar em regime de freelance, para um modelo com carros que se conduzem sozinhos.

Em Portugal, o modelo escolhido – o XC90 – tem um preço recomendado para venda de 69.343 euros. Com o novo acordo, a Volvo vai vender milhares destes carros à Uber entre 2019 e 2021. O dinheiro do negócio vai ser usado pela Volvo para desenvolver estes carros autónomos na fábrica em Torslanda, Suécia. A Uber pode depois personalizar com a sua própria tecnologia os veículos que adquirir.

“A indústria automóvel está a ser afectada pela tecnologia, e a Volvo escolhe fazer parte das alterações”, disse o presidente executivo da Volvo, Håkan Samuelsson, num comunicado publicado esta segunda-feira. “O nosso objectivo é ser o fornecedor eleito para serviços de partilha com carros autónomos. O acordo de hoje com a Uber é um exemplo dessa decisão estratégica.”

Trata-se de uma expansão do primeiro acordo entre a Uber e a Volvo (detida pelo chinês Geely Holding Group), feito há cerca de dois anos, quando a empresa de partilha de viagens começou a explorar o mercado dos carros autónomos. Em 2017, a empresa norte-americana já tem cerca de 200 carros autónomos da marca sueca a serem testados nas estradas do Arizona, além de outros acordos com a fabricante da Mercedes-Benz, a Daimler.

Em todo o mundo, várias empresas automóveis e gigantes tecnológicos (como a Ford, a Tesla e o Google), estão numa corrida para desenvolver tecnologia de condução autónoma. As ocasiões em que um condutor humano tem de levar a mão ao volante num destes veículos são cada vez menores, indicam testes feitos na Califórnia, um dos estados americanos onde a circulação destes automóveis é legal. Em 2016, por exemplo, os carros autónomos somaram mais de um milhão de quilómetros (1.056.330 é o valor exacto), com apenas 2708 ocorrências de intervenção humana imprevista. Recentemente, a Tesla também apresentou um camião autónomo que quer ver nas estradas nos próximos anos.

Um futuro com carros exclusivamente autónomos, porém, vai demorar. No começo do ano, a Uber admitiu que, por norma, os condutores a usar os carros autónomos no Arizona ainda têm de controlar o carro a cada quilómetro e meio. Há também questões éticas e de segurança para considerar. Vários investigadores alertam que ainda é preciso começar a programar as máquinas para o inesperado, como uma árvore que cai no meio da estrada, ou uma criança que corre para a frente de um carro. Em Setembro, a Alemanha tornou-se o primeiro país no mundo com um guia ético definido que obriga os carros a poupar sempre o máximo de vidas humanas (independentemente da idade, género, saúde ou etnia).