Entre ricos e pobres…

Existem pessoas que, ainda que tenham o seu saldo bancário bem elevado, não conseguem ser ricas. São mentes pobres que acreditam que o dinheiro pode tudo, que o dinheiro lhes permite tudo

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Andrew Worley/Unsplash

Podes tirar a pessoa da pobreza mas nunca poderás tirar a pobreza da pessoa. Vi esta frase, noutro dia, pintada numa parede e assumo que me fez imenso sentido.

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Podes tirar a pessoa da pobreza mas nunca poderás tirar a pobreza da pessoa. Vi esta frase, noutro dia, pintada numa parede e assumo que me fez imenso sentido.

No decurso da nossa vida, cruzamo-nos com muita gente. Gentes diferentes, é claro (o interesse do contacto com as pessoas advém dessa possibilidade de conhecer pessoas completamente diferentes, certo?). Nessa diversidade, encontramos pessoas que são luz e energia positiva, pessoas impregnadas de sentimentos bons e que são, por isso, seres que apreciamos ter ao nosso lado, de ter por companhia. Pessoas ricas de conteúdos bons, positivas, acima de tudo, com elas, com os outros e com o mundo que as rodeia. E por serem tão ricas de conteúdo carregam com elas um porte, uma nobreza de ser e estar que nenhum dinheiro poderia comprar.

Por outro lado, encontramos o oposto destes seres de luz e de energia positiva. Pessoas sombrias, negativas e feias que parecem incomodadas pela vida e com a vida e que, por isso, procuram incomodar todos aqueles que os rodeiam para assim se sentirem acompanhados na sensação de miserabilidade que sentem. São pessoas pobres em sentimentos belos, pobres em sentimentos perfeitos, pobres em energia positiva, pobres, para não dizer paupérrimas, daquelas coisas que fazem bem ao coração e à alma. E, ainda que estas pessoas possam ser ricas, a um nível monetário, a verdade é que a pobreza nunca sai delas e da sua forma de ser.

E é por isso que alguém escreveu naquela parede, e muito bem, que não se pode tirar a pobreza da pessoa. Existem pessoas por este mundo que, ainda que tenham o seu saldo bancário bem mais elevado que a maioria dos “comum dos mortais”, não conseguem ser ricas. A pobreza simplesmente não lhes sai do sangue. Mentes pobres que acreditam que o dinheiro pode tudo, que o dinheiro lhes permite tudo. Ricas em inseguranças e medos, usam o dinheiro para os disfarçar. Pessoas que procuram adquirir tudo o que tenha um preço, provavelmente para preencher vazios existentes naquelas vidas. Vidas vazias também de sentimentos bons e, por isso, vidas vividas sozinhas, num abandono comprovado pelo facto de não conseguirem cultivar amizades ou qualquer tipo de relações positivas. São pobres nas relações sociais — colegas, amigos, família — porque tudo está rodeado de um halo escuro e negativo que leva a relações fracassadas, erradas e pouco compensatórias. De um modo geral, são pessoas muito sozinhas. Mentes atormentadas pelo negativismo, pela toxicidade que emanam, levam a que os outros se afastem delas. Pessoas pobres de tudo o que seja positivo.

A riqueza de que falo nada tem a ver com o saldo da conta bancária, como penso que está claro. É uma riqueza de ser e não uma riqueza de estar. Esta “fortuna” faz com que, por pior que sejam as situações, as enfrentem com um sorriso no rosto, com um sentimento de esperança que o dia de amanhã será melhor, com uma força e uma resiliência que dificilmente poderão ser quebradas. A riqueza interior da pessoa fá-la considerar qualquer situação como um desafio que pode e deve ser superado. A pessoa rica procura relações sociais compensatórias para ambos os lados, procurando que os benefícios sejam elevados para ambos os membros. São pessoas que deixam um rasto luminoso ao longo da sua trajectória de vida porque procuram ser luz para a vida que levam e para as pessoas que as rodeiam.

Uma pessoa pode sair da pobreza, sim, mas a pobreza nunca abandonará certo tipo de pessoas. O mesmo sucede com as pessoas que denomino de ricas. O seu ser, o seu estar, estarão sempre do lado da riqueza, quer a sua conta bancária esteja recheada ou, pelo contrário, completamente vazia. A nossa essência é aquilo que nos caracteriza. Podemos tentar alterá-la, limá-la, lapidá-la, mas a nossa base será sempre a mesma. Por isso vão sempre existir os ricos e os pobres, de alma e espírito, a luz e a escuridão, o bem e o mal. E, por isso, quem nasceu pobre de luz será sempre pobre; a sua alma nunca terá brilho quer se encontre no lugar mais pobre do planeta ou na maior mansão imaginada.