Pastores evangélicos contra candidatura de Roy Moore no Alabama

Ex-juiz foi acusado de abusos sexuais a menores, mas analistas e republicanos dizem que campanha contra a sua candidatura pode ter o efeito contrário.

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Roy e Kayla Moore Reuters

A polémica em torno da candidatura do republicano Roy Moore ao Senado norte-americano pelo estado do Alabama não pára de crescer, multiplicando-se os apelos a que se retire e as declarações em seu apoio. Uma série de mulheres acusaram Moore de as ter molestado sexualmente nos anos de 1980, quando eram adolescentes.

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A polémica em torno da candidatura do republicano Roy Moore ao Senado norte-americano pelo estado do Alabama não pára de crescer, multiplicando-se os apelos a que se retire e as declarações em seu apoio. Uma série de mulheres acusaram Moore de as ter molestado sexualmente nos anos de 1980, quando eram adolescentes.

Neste fim-de-semana, uma série de pastores evangélicos influentes pediram a Moore, um ex-juiz federal, que abandone a corrida — a eleição no dia 12 de Dezembro visa preencher o lugar no Senado de Washington deixado vago pelo republicano Jeff Sessions, que foi nomeado Attorney General (uma mistura de ministro da Justiça com Procurador Geral).

Para o reverendo William J. Barber, pastor protestante e conhecido activista dos direitos dos negros da Carolina do Norte, a candidatura de Moore representa, neste momento, uma luta “pela alma da nação”.

A sua declaração, citada pela agência Associated Press, foi feita um dia depois de dezenas de pastores progressistas do Alabama terem escrito uma carta a pedir a Moore que se retire da corrida porque, disseram, não tem condições para servir num cargo público devido à sua conduta imprópria.

Barber, um cristão conservador, participou num comício anti-Moore em Birmingham, no Alabama — apareceram cem pessoas. O reverendo acusou Moore de ter ligações aos supremacistas brancos. 

De acordo com a lei, Moore não pode ser afastado da corrida, a decisão de desistir só pode partir dele. Já disse que não o fará, por estar inocente, e a sua mulher secundou-o.

Moore conta com o apoio de muitos líderes conservadores evangélicos e de muitas figuras de peso no Partido Republicano. Contra si tem sobretudo conservadores que ocupam cargos de peso em Washington, como o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell. Já Jeff Sessions, que é do Alabama, disse não ter qualquer razão para acreditar nas mulheres que acusam o candidato de ter abusado sexualmente de menores.

Não se sabe o impacto da polémica no eleitorado. Dois terços dos eleitores do Alabama votam por regra no Partido Republicano. Os analistas dizem que a população do Alabama não gosta de ser pressionada, pelo que o movimento nacional e estadual anti-Roy Moore pode ter um efeito contrário.

Steve Morgan, um dos dirigente do Partido Republicano no Alabama, disse isso mesmo ao jornal The Washington Post: “Nunca gostei de Roy Moore, mas adivinhem em quem vou votar? Em Roy Moore. Porque não gosto da estupidez que se instalou no Partido Republicano".