Luísa Rosas, a designer que cresceu na joalharia
Saltou para a ribalta quando ofereceu uma das suas peças à actriz Julia Roberts e continua a dar que falar com as suas jóias em ouro e diamantes inspiradas na natureza.
Era uma vez uma menina que cresceu a ouvir o "a, b, c" das jóias, que assistia ao processo de fabrico e via a mãe desenhar alta joalharia. Luísa Rosas, 40 anos, nunca pensou seguir as pisadas da família até que, um dia, o irmão a desafiou a criar uma colecção. Hoje tem cinco.
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Era uma vez uma menina que cresceu a ouvir o "a, b, c" das jóias, que assistia ao processo de fabrico e via a mãe desenhar alta joalharia. Luísa Rosas, 40 anos, nunca pensou seguir as pisadas da família até que, um dia, o irmão a desafiou a criar uma colecção. Hoje tem cinco.
“Pode dizer-se que cresci e nasci com jóias porque eu e o meu irmão somos a quinta geração de joalheiros, com uma tradição que vem desde 1860. Até 1984 todas as gerações foram fabricantes na Rosas Portugal, em Gondomar, e vendiam a lojas”, conta a designer de jóias, enquanto mostra uma pulseira de ouro e diamantes igual à que ofereceu à actriz Julia Roberts. “Queria oferecer a uma celebridade que tivesse uma imagem limpa, um percurso estruturado; não miúdas da moda.”
Mal sabia que, meses depois, a actriz seria capa da revista InStyle com a jóia no pulso e que, assim, iria abrir-lhe mais portas para vender nos EUA, onde as jóias de Luísa estão em Nova Iorque, Dallas e Aspen. Seguiu-se o Dubai e, por estes dias, terá um ponto de venda na Suíça. Nestes países ninguém sabia quem era Luísa Rosas ao contrário do que acontece em Portugal, onde está sempre associada ao pai David Rosas. “Sinto-me uma privilegiada por ter a sorte de ter crescido neste mundo e saber muito sobre joalharia”, admite.
Desde muito nova cresceu a ouvir falar de marcas de segmento alto, como Patek Philippe e os seus relógios expostos nas montras envidraçadas da loja que o pai abriu em 1984, na Avenida da Boavista, no Porto. A mesma onde Luísa Rosas vai desfiando ao PÚBLICO a sua história. Aqui cresceu a ver a mãe a desenhar e o pai a gerir a loja. O bichinho da alta joalharia foi ficando, assim como o conhecimento que foi adquirindo nas muitas viagens de negócios que fez com os pais e o irmão a fábricas e feiras no estrangeiro. A joalheira recorda com saudades o tempo em que, em miúdos, davam palpites sobre as peças que poderiam ser escolhidas.
Portanto, o gosto pelas jóias vem desse tempo. “O meu cérebro foi ginasticado no sentido de criar”, diz. “Mas era uma maria-rapaz, não gostava de jóias e nem sequer me via a trabalhar na empresa, ainda que gostasse de ver o processo criativo e a minha mãe a desenhar”.
Sucesso inesperado
Longe de pensar fazer carreira na joalharia, fê-lo na arquitectura durante uma década. Estagiou e trabalhou com o arquitecto Souto de Moura, durante três anos, e depois teve atelier próprio. Mas a joalharia atravessou-se no seu caminho quando, em 2006, o irmão a desafiou a criar uma colecção. Antes preferiu tirar uma pós-graduação sobre jóias. “Logo na primeira semana, senti-me confortável, como se estivesse em casa, porque era o tema que desde miúda tinha, todos os dias, em cima da mesa”, recorda. Três anos depois, lançou a primeira colecção em ouro, Be, como sub-marca do mundo David Rosas. “Foi um sucesso que não estava à espera.”
A partir de 2014, o caminho a traçar seria criar uma marca própria e internacionalizá-la, com cinco colecções: Be, Tribe, Skin, Caring Tales e Essences. A designer tem ainda outra linha, Flying Seeds, que considera um projecto pessoal, inspirada em sementes voadoras, e cujos lucros revertem a favor da Associação Corações com Coroa, presidida por Catarina Furtado.
Todas as colecções são inspiradas na natureza. “Criei uma marca que gosta de contar histórias, porque uma jóia tem uma característica emocional que muitos poucos artigos têm”, conclui. A peça que mais vende é o anel Be, em ouro amarelo e diamantes, e a mais cara é a pulseira da mesma colecção, em ouro branco com diamantes, que ronda os 38 mil euros.