Quase duas semanas depois, pouco se sabe sobre a origem do surto de Legionella
Direcção-Geral da Saúde confirmou, com “elevada probabilidade”, que a fonte da infecção esteve no “perímetro do hospital” São Francisco Xavier, sem especificar onde. Marcelo "não se esquece" que as conclusões da investigação têm que ser divulgadas quando estiverem concluídas.
Quase duas semanas depois de terem sido entregues para análise as amostras recolhidas no Hospital de São Francisco Xavier, ainda se desconhece se o surto de Legionella teve origem nas torres de arrefecimento. Apesar da insistência de transparência do Presidente do República e do ministro da Saúde, pouco mais se sabe além disto: há “elevada probabilidade” que a fonte da infecção tenha ocorrido no “perímetro do hospital”.
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Quase duas semanas depois de terem sido entregues para análise as amostras recolhidas no Hospital de São Francisco Xavier, ainda se desconhece se o surto de Legionella teve origem nas torres de arrefecimento. Apesar da insistência de transparência do Presidente do República e do ministro da Saúde, pouco mais se sabe além disto: há “elevada probabilidade” que a fonte da infecção tenha ocorrido no “perímetro do hospital”.
Esta informação, que veio confirmar a convicção revelada na semana passada pelo ministro da Saúde, consta do relatório preliminar às amostras de água recolhidas no hospital no dia 3 de Novembro e analisadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa). Este documento foi enviado ao Ministério Público, ao qual a Direcção-Geral da Saúde (DGS) remeteu a divulgação do mesmo, "se assim o entender", disse nesta quarta-feira a directora-geral Graça Freitas.
A promessa de transparência veio da tutela, quando o ministro da Saúde, Adalberto Campo Fernandes, disse na sua primeira conferência de imprensa sobre este surto que a DGS e o Insa teriam "um prazo máximo de duas semanas" para apresentarem ao Governo o relatório preliminar. Na sequência deste surto foram confirmados 54 casos de infecção. Cinco pessoas morreram e sete doentes continuam internados nos cuidados intensivos. Segundo o último balanço da DGS, desta quarta-feira à tarde, 15 pessoas já tiveram alta.
Também Marcelo Rebelo de Sousa reforçou esta quarta-feira que tem "uma memória de elefante" e "não se esquece" que as conclusões das investigações dos casos da Legionella e de Tancos têm que ser divulgadas quando estiverem concluídas. Já na sexta-feira tinha lembrado que se aproximava o prazo dado pelo ministro da Saúde para a divulgação do relatório. A semana ainda decorre, mas na conferência de imprensa convocada esta quarta-feira pela DGS pouco mais se ficou a saber.
A directora-geral da Saúde adiantou esta quarta-feira que as autoridades da Saúde têm uma "forte probabilidade" de saberem com mais exactidão qual é de facto a origem do surto (as redes de água quente, de água fria ou as torres de arrefecimento), sem, no entanto, tornar pública esta informação, por esta se basear em resultados preliminares. "Se é da torre A, B ou C ou se é de outro sítio, é irrelevante do ponto de vista da saúde pública”, acrescentou.
Para a DGS, “tudo indica que o surto vai entrar em fase de resolução”, mas ainda podem aparecer novos casos nos próximos dias.
Até agora é certo que o primeiro caso foi diagnosticado a 31 de Outubro. A DGS foi notificada no dia 3, altura em que havia três casos confirmados, e iniciou a investigação epidemiológica e controlo do surto. Nesse dia foram enviadas as amostras de água para análise no Insa, cujos resultados foram conhecidos na madrugada do dia seguinte, e iniciaram-se os procedimentos de correcção: encerraram-se as torres de arrefecimento e foram feitos choques térmicos e químicos nas redes de água.
“Fizeram-se intervenções imediatas em toda a rede”, garantiu Graça Freitas, acrescentando que a investigação epidemiológica e laboratorial ainda decorre.
Quatro casos fora do hospital
Graça Freitas adiantou ainda que foram identificados quatro doentes que não estiveram em contacto com o Hospital de São Francisco Xavier e, por isso, a DGS tem dúvidas que estes casos estejam relacionados com o mesmo surto. É preciso perceber se a estirpe da bactéria que infectou estas quatro pessoas é a mesma das restantes. O Insa tirará a "prova dos nove", concluiu.
Dos 54 casos de infecção confirmados até à data, já foram recolhidas secreções para análise em "cerca de 40 pessoas". Com esta recolha, o Insa pode verificar se a estirpe da bactéria é ou não compatível com aquela que foi encontrada na água dos sistemas de refrigeração e redes de água do hospital. Uma vez que os casos foram diagnosticados em momentos diferentes, desde o dia 31 de Outubro até esta quarta-feira (em que foi diagnosticada mais uma pessoa), ainda há processos de cultura a decorrer, o que impede que os resultados sejam para já definitivos.