Mulher morta pela PSP: PJ já apreendeu carro onde seguiriam assaltantes

Durante a perseguição, agentes mandaram parar outro veiculo e condutor desobedeceu. Terão disparado mais de uma dezena de tiros. Vários polícias são arguidos.

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Marco Duarte

O Seat Leon preto onde seguiriam pelo menos dois suspeitos do assalto a um multibanco na madrugada desta quarta-feira, em Almada, já foi apreendido pela Polícia Judiciária, que irá realizar diversas perícias à viatura. O objectivo é examinar os eventuais vestígios deixados pelos alegados assaltantes, que continuam em fuga.

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O Seat Leon preto onde seguiriam pelo menos dois suspeitos do assalto a um multibanco na madrugada desta quarta-feira, em Almada, já foi apreendido pela Polícia Judiciária, que irá realizar diversas perícias à viatura. O objectivo é examinar os eventuais vestígios deixados pelos alegados assaltantes, que continuam em fuga.

A reconstituição do que se passou na madrugada desta quarta-feira será determinante para perceber melhor os contornos da morte de uma mulher atingida por um disparo fatal, minutos depois de agentes da PSP terem perdido rasto ao tal Seat Leon que haviam detectado na Segunda Circular, em Lisboa, no sentido Benfica-Sacavém, após um alerta.

“Os suspeitos que se faziam transportar na viatura, ao detectarem a presença policial, encetaram, de imediato, fuga na direcção da Rotunda do Relógio, circulando em diversas vias a alta velocidade e em contramão, colocando em perigo todas as pessoas que ali se encontravam”, precisa a PSP em comunicado.

PSP mandou parar, mas condutor desobedeceu

Pouco depois, na mesma zona, uma equipa de intervenção rápida que se encontrava na Encarnação, em Loures, e recebera o alerta, manda parar um outro veículo, de marca Renault e cor escura, que aparentava corresponder às características da viatura suspeita.

Os polícias mandam o condutor parar, mas este desobedece à ordem. Na versão oficial da PSP o condutor “tentou atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos”. E é isso que faz com que os polícias sejam “obrigados a recorrer a armas de fogo”, justifica o comunicado da PSP.

O que a nota omite é que terão sido disparados pelo menos mais de uma dezena de balas, de várias armas dos agentes da PSP. Por isso mesmo os polícias envolvidos neste caso foram ouvidos esta quarta-feira pela PJ, que terá constituído arguidos alguns deles, num investigação levada a cabo por uma brigada especializada em homicídios, da Directoria de Lisboa e Vale do Tejo.

As armas envolvidas no incidente terão sido apreendidas para serem sujeitas a perícias balísticas que permitirão determinar quem disparou o tiro fatal e de que ângulo. Os outros disparos também serão reconstituídos.

O conteúdo de algumas comunicações também será determinante para perceber melhor o que se passou e para apurar se os polícias actuaram ou não em legítima defesa.

A par do inquérito-crime corre um outro levado a cabo pela Inspecção-Geral da Administração Interna que pretende apurar responsabilidades disciplinares.