“A memória é curta”: Isabel dos Santos despede-se dos funcionários da Sonangol

Filha do antigo Presidente angolano publicou vídeo nas redes sociais e emitiu um comunicado em que faz balanço do cargo.

Foto
Isabel dos Santos fernando veludo/nfactos

Isabel dos Santos, que foi exonerada da liderança da Sonangol pelo novo Presidente angolano, João Lourenço, publicou um vídeo na sua conta de Instagram onde mostra parte do discurso de despedida que fez aos funcionários da petrolífera. Aí, destaca a recuperação da empresa durante a sua gestão, afirmando que quando chegou a petrolífera vivia “dias dramáticos”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Isabel dos Santos, que foi exonerada da liderança da Sonangol pelo novo Presidente angolano, João Lourenço, publicou um vídeo na sua conta de Instagram onde mostra parte do discurso de despedida que fez aos funcionários da petrolífera. Aí, destaca a recuperação da empresa durante a sua gestão, afirmando que quando chegou a petrolífera vivia “dias dramáticos”.

“Nestes últimos 17 meses houve mudanças tremendas”, afirmou. “A memória é curta”, atirou depois. “Mas, para fazer lembrar, quando nós chegámos cá, esta empresa estava numa situação difícil”, continua, explicando que, nessa altura, a Sonangol estava classificada “numa situação quase de pré-falência”. “Portanto, eram dias dramáticos”.

“Havia momentos em que nós sabíamos de coisas que tínhamos medo até de partilhar convosco porque não queríamos que percebesse o quão dramático era realmente a situação da nossa empresa”, disse ainda.

Já ao final da tarde desta quarta-feira, Isabel dos Santos acabou por enviar um comunicado oficial às redacções, onde aproveita para fazer um balanço um pouco mais detalhado da sua gestão.

No documento, diz ter conseguido, com o apoio da sua equipa, “reequilibrar as contas da empresa, acabar com práticas nefastas do passado, mas também implementar uma verdadeira cultura de empresa organizada em torno de valores fundamentais, tais como, o sentido de responsabilidade colectiva e individual”.

Em Dezembro de 2015, diz, “a Sonangol, pela primeira vez na sua história, não tinha conseguido cumprir com as suas obrigações junto da banca, tinha dívidas com os fornecedores e pesadas cash calls. Em Junho de 2016, a petrolífera encontrava-se num estado de emergência e, conforme referia o Dr. Francisco Lemos, então presidente do conselho de administração, esta empresa nacional encontrava-se numa situação de pré-falência”.

Enunciando depois os resultados do que diz ter feito, como pagamentos devidos, redução da dívida financeira, redução de custos, e aumento de receitas - nomeadamente através de uma maior aposta no gás - , elenca o que deixa pronto para Carlos Saturnino, o seu substituto, escolhido pelo novo Presidente de Angola, um financiamento garantido de dois mil milhões de dólares “permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros”.

“A Sonangol não é uma empresa como as outras; é a coluna vertebral da economia nacional e o garante do futuro dos nossos filhos”, sublinha, afirmando-se “privilegiada por ter contribuído para a reforma e melhorias” da empresa estatal.

E deixa uma última nota a João Lourenço: “ Congratulo o novo executivo pelo desejo de progresso, transparência e eficácia na gestão do bem público. Os mesmos valores mantêm-se no centro da cultura empresarial que a administração cessante implementou na Sonangol, garantindo, assim, o futuro da nossa empresa”.

Na quarta-feira, o artista e activista político Luaty Beirão publicou no Twitter uma mensagem dirigida a Isabel dos Santos e escrita em inglês. “Hey, irmã com mente brilhante [great mind], como é ser despedida? Devias começar a habituar-te”.