O que há para saber sobre um Mundial nunca visto em 60 anos
Os estreantes, os regressados, os ausentes, os favoritos. O que já se pode dizer sobre o Mundial da Rússia, onde não estará Buffon mas onde não se sabe se estará Zlatan.
Começou em Março de 2015, com um triunfo de Timor Leste em Díli sobre a Mongólia por 4-1, acabou na última madrugada, com uma vitória em Lima do Peru sobre a Nova Zelândia por 2-0. O timorense Chiquito do Carmo marcou o primeiro golo, o peruano Christian Ramos marcou o último. Foram mais de dois anos de futebol internacional para chegarmos às 32 selecções que vão disputar, a partir de 14 de Junho do próximo ano, a fase final do Mundial de futebol. Há dois estreantes, alguns regressados e alguns ausentes ilustres – das 32, 20 estiveram há quatro anos no Brasil - mas os favoritos para a 21.ª edição do Campeonato do Mundo são os mesmos de sempre. E Portugal, como campeão europeu em título, também leva esse estatuto para a Rússia.
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Começou em Março de 2015, com um triunfo de Timor Leste em Díli sobre a Mongólia por 4-1, acabou na última madrugada, com uma vitória em Lima do Peru sobre a Nova Zelândia por 2-0. O timorense Chiquito do Carmo marcou o primeiro golo, o peruano Christian Ramos marcou o último. Foram mais de dois anos de futebol internacional para chegarmos às 32 selecções que vão disputar, a partir de 14 de Junho do próximo ano, a fase final do Mundial de futebol. Há dois estreantes, alguns regressados e alguns ausentes ilustres – das 32, 20 estiveram há quatro anos no Brasil - mas os favoritos para a 21.ª edição do Campeonato do Mundo são os mesmos de sempre. E Portugal, como campeão europeu em título, também leva esse estatuto para a Rússia.
Quem parte na frente
De quatro em quatro anos, a lista dos favoritos nunca varia muito. No topo está a Alemanha, que vai tentar um segundo título consecutivo e juntar-se ao Brasil no clube dos pentacampeões. Claro que os brasileiros sentem-se rejuvenescidos com Tite, depois de um equívoco chamado Dunga, e têm em Neymar uma “estrela” com vontade de assaltar o trono de melhor do mundo. Mas na Europa, há duas antigas campeãs que surgem com ambições, a Espanha, que fez uma boa renovação com Julen Lopetegui, e a França, que não entrou em pânico depois do desaire no Euro 2016 e que agora tem uma geração que quer emular os feitos da equipa de Zidane, em 1998. Desde que tenha Messi, a Argentina também entrará sempre no grupo dos candidatos, e Portugal também estará nesta lista, não só porque é campeão europeu ou porque tem Cristiano Ronaldo, mas também porque tem talento (Bernardo Silva, André Silva, João Mário, Gelson Martins) a atingir a fase de maturação.
Estreantes e regressados
A cumprir uma tradição de todos as fases finais, o Mundial da Rússia terá os seus estreantes. Um vem da Europa, a Islândia, o outro é da América Central, o Panamá. Para os islandeses, é a progressão natural depois da brilhante campanha no Euro 2016 e não vão ser presa fácil para ninguém - irão passear nos estádios russos a celebração única com os seus adeptos. O Panamá, por seu lado, é um apurado surpreendente (mas sem grandes perspectivas), graças à autodestruição dos EUA e a um golo que não existiu no jogo final com a Costa Rica. Para além dos estreantes, há dez selecções que regressam a uma fase final, algumas após ausências curtas, outras depois de hiatos maiores. O Peru, que foi a última equipa a qualificar-se, já não ia a um Mundial desde o Espanha 82, que marcou a última aparição internacional do grande Teófilo Cubillas. Os outros ausentes de longa duração são africanos, o Egipto, que já não aparecia em Mundiais desde 1990, e Marrocos, que esteve num Mundial pela última vez em 1998.
A importância de ser cabeça-de-série
Para efeitos de sorteio, que se realiza em Moscovo, a 1 de Dezembro, valem os rankings da FIFA de 16 de Outubro e, por isso, o terceiro lugar de Portugal vale-lhe o estatuto de cabeça-de-série. Este estatuto significa que a equipa de Fernando Santos não irá defrontar selecções como a Alemanha, o Brasil ou a Argentina na fase de grupos, mas pode calhar com Espanha ou Inglaterra (pote 2), Dinamarca, Islândia ou o Irão de Carlos Queiroz (pote 3), e Sérvia ou Nigéria (pote 4).
Sem os “azzurri”, a “oranje” e a “roja”
Todos os campeões menos um vão estar na Rússia. O grande buraco em forma de tetracampeão chama-se Itália e a primeira ausência em 60 anos marca o fim definitivo da selecção campeã mundial em 2006, precipitando o fim da carreira internacional daquele que será o melhor guarda-redes dos últimos 20 anos, Gianluigi Buffon. Saiu Gian Piero Ventura, o veterano sem grande currículo, deve entrar Carlo Ancelotti, um treinador habituado a ganhar e que terá como missão desencantar uma nova geração de talentos em menos de dois anos (na baliza, pelo menos, não precisa de procurar muito, tem Donnaruma pronto a entrar). Também a Holanda precisa de uma nova geração, depois de Arjen Robben e companhia terem falhado o apuramento – a “oranje” foi finalista vencida em 2010 e terceira em 2014. Mas não é só de jogadores que a Holanda precisa. Também precisa de uma liderança forte no banco e inverter o declínio da selecção holandesa, que já tinha ficado de fora do Euro 2016. Hiddink, Blind e Advocaat não resultaram, talvez Koeman seja a solução (e sempre podem resgatar Van Gaal da reforma). Outro notável ausente é o Chile, a quem o estatuto de bicampeão sul-americano não valeu mais que um sexto lugar nas qualificações, e que também vai precisar de um novo treinador, tal como os EUA. Mas os norte-americanos já têm um plano para o próximo Verão. Segundo vários jornais, a US Soccer está a planear um torneio alternativo para concorrer com o Mundial da FIFA e para o qual vai convidar alguns dos que ficaram de fora.
Campeões continentais? Dois em seis
Para chegar a um Mundial, não chega ser o melhor do continente. Das seis confederações, apenas dois campeões continentais vão estar na Rússia - Portugal, o campeão europeu, e a Austrália, o campeão asiático (tal como são europeus para efeitos de festival Eurovisão da canção, os australianos são asiáticos para o futebol). Os outros quatro ficaram pelo caminho de forma mais ou menos dramática: os Camarões não deram seguimento ao triunfo na CAN 2016 e perderam o lugar para a Nigéria; o Chile, bicampeão sul-americano, perdeu o lugar no play-off para o Peru por dois golos; os EUA, vencedores da Gold Cup, levaram a a qualifcação até ao último jogo, mas perderam com Trindade e Tobago; a Nova Zelândia não teve concorrência na Oceânia, mas, como não há uma vaga para o continente, caiu no play-off com o Peru.
Suécia ou Zuécia?
Depois de Suécia ter concretizado o seu regresso ao Mundial às custas da Itália (e da Holanda), a grande questão para os nórdicos não é se vão ser campeões mundiais, mas se o abandono internacional de Zlatan Ibrahimovic será, ou não, uma coisa irrevogável. Não foi preciso muito para reabrir a questão. Depois do jogo de Milão, “Ibra” meteu uma foto da festa sueca no Twitter com a seguinte legenda “Nós somos Zuécia”, como que a dizer que, depois de ganhar forma no que resta da época pelo Manchester United (o seu regresso está iminente, depois de uma lesão prolongada), pode bem voltar atrás (como já fez por duas vezes) e ter a verdadeira despedida no Mundial, competição onde nunca deixou grande marca em duas participações (2002 e 2006). Mas a verdadeira questão é, será que a Suécia precisa de Zlatan, que tem 36 anos? Uma sondagem na Suécia revelou que mais de 60% dos suecos não o quer. Mas se ele quiser voltar, ninguém terá coragem de lhe dizer que não.